Bing retém 1 em cada 3 usuários após teste e desafia a supremacia do Google

Estudo mostra que quando usuários experimentam de fato buscadores alternativos, muitos não sentem necessidade de voltar ao Google

Bing retém 1 em cada 3 usuários após teste e desafia a supremacia do Google
Estudo sugere que o domínio do Google não depende apenas de superioridade técnica, mas também de padrões predefinidos e baixa disposição para testar alternativas. Créditos: Pexels.

O Google domina o mercado de buscas há décadas, mas um novo estudo reacende uma dúvida que especialistas já vêm levantando: esse domínio é mérito técnico ou consequência de padrões impostos e pouca experimentação por parte dos usuários?

A pesquisa, publicada pelo National Bureau of Economic Research (EUA) e trazida à tona recentemente pelo Windows Central, aponta que 33% dos usuários que usaram o Bing por duas semanas continuaram com o buscador mesmo após o fim do experimento.

A revelação mexe com a ideia de que o Google reina absoluto por ser insuperável, e vem inclusive em um momento no qual a empresa tem enfrentado julgamento por suposto abuso de poder nas buscas.

As informações foram originalmente analisadas pelo Search Engine Journal e mostram que, ao contrário do que o Google defende — de que “a concorrência está a um clique de distância” —, o comportamento do usuário é muito mais influenciado por configurações padrão do que pela busca ativa por qualidade.

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Mais do que qualidade: o peso das escolhas automáticas

O estudo acompanhou 2.354 usuários de desktop divididos em quatro grupos, sendo um deles pago para usar o Bing por duas semanas.

Após esse período, um terço dos participantes escolheu permanecer usando o Bing, mesmo sem incentivo financeiro.

Entre os que continuaram, 64% afirmaram que o Bing era melhor do que esperavam, e 59% disseram que se acostumaram com ele.

Isso evidencia que, muitas vezes, a rejeição inicial ao Bing ou outros buscadores não está necessariamente ligada à sua performance inferior, mas sim à ausência de experimentação.

Os pesquisadores destacam que, em testes onde os usuários puderam escolher seu buscador (sem incentivo ou mudança automática), o Bing cresceu apenas 1,1 ponto percentual.

Isso reforça o papel das configurações padrão e da inércia comportamental na manutenção da hegemonia do Google.

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A vantagem dos dados (e da exposição)

Apesar do argumento de que o Google possui resultados melhores porque tem mais dados, o estudo indica que, mesmo que o Bing tivesse acesso ao histórico de buscas do Google, os ganhos em taxa de cliques seriam pequenos — de 23,5% para 24,8%.

Esse ponto se conecta com uma análise já discutida aqui na SEO Lab, em matéria sobre a nova patente do Google voltada a resultados personalizados.

O histórico e a recorrência do usuário seguem sendo peças centrais na disputa pela atenção nos mecanismos de busca.

Hábito é rei e mudar dá trabalho

Outro fator relevante revelado pelo estudo é a “desatenção persistente”: mesmo quando os usuários preferiam o Google, eles não voltavam ao buscador porque se acostumaram ao Bing ou não notaram diferença o suficiente para justificar a mudança. Ou seja, o costume pesa, e muito!

Essa ideia reforça o que também foi abordado em outra matéria nossa, aqui na SEO Lab, sobre como o Google Discover apresenta um CTR até quatro vezes maior que as buscas tradicionais, justamente por estar integrado à rotina dos usuários e aparecer de forma passiva no consumo de conteúdo. Leia aqui.

Experiência importa e pode mudar percepções

Para os pesquisadores, buscadores como o Bing são produtos de experiência.

Isso significa que, para julgar sua qualidade real, os usuários precisam usá-los por tempo suficiente para formar uma opinião própria.

Sem essa vivência, decisões como “continuar no Google” acabam sendo mais um reflexo de conveniência e hábito do que de uma comparação técnica justa.

O que isso significa para o futuro da busca?

Esse estudo surge em um momento em que o Google enfrenta múltiplos processos antitruste nos EUA e na União Europeia.

Já discutimos aqui na SEO Lab como essas investigações podem levar a mudanças estruturais, desde a divisão de negócios até novas exigências de transparência e escolha para o usuário.

Mas o que essa nova pesquisa aponta é que, mais do que forçar opções, é preciso incentivar o uso real das alternativas.

Sem isso, as telas de escolha obrigatórias — como as já exigidas na Europa — terão impacto limitado.

Para profissionais de marketing, SEO e conteúdo, o recado é claro: a fidelidade ao Google pode não ser tão sólida quanto se imagina, mas vencer a inércia do usuário exige mais do que simplesmente oferecer uma alternativa.