Sundar Pichai diz que plano do governo pode “quebrar” o Google Search
CEO do Google afirma, em julgamento antitruste, que proposta de obrigar compartilhamento de dados a custo marginal ameaça inovação e inviabiliza o modelo de negócio do buscador

Durante a fase de definição de medidas corretivas no processo antitruste contra o Google, Sundar Pichai, CEO da empresa, alertou que as propostas do Departamento de Justiça dos EUA (DoJ) poderiam comprometer seriamente o funcionamento do Google Search.
Em seu depoimento, Pichai destacou que a exigência de compartilhar dados de busca e o índice com concorrentes, a um custo marginal, poderia inviabilizar os investimentos contínuos em inovação, colocando em risco a própria existência do serviço.
Recentemente, noticiamos aqui no SEO Lab a opinião de especialistas sobre a condenação histórica do Google nos EUA — uma decisão que pode redefinir os rumos da internet global e transformar profundamente o funcionamento do buscador.
O depoimento de Sundar Pichai é mais um desdobramento direto desse processo, que agora entra na fase de discussão sobre medidas corretivas.
Esse movimento judicial também envolve o navegador Chrome, que está no centro de discussões sobre uma possível separação estrutural da empresa — como detalhamos em matéria recente. Para saber mais sobre isso, clique aqui.
Compartilhamento de dados e impacto na inovação
O DoJ propõe que o Google compartilhe seu vasto índice de busca e dados com outras empresas, para fomentar concorrência.
Pichai argumenta que isso permitiria a engenharia reversa da tecnologia do Google, desvalorizando décadas de pesquisa e desenvolvimento.
Ele ressaltou que, só no último ano, a empresa investiu cerca de US$ 49 bilhões em busca, inteligência artificial e outras áreas.
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Preocupações com privacidade dos usuários
Além de temores sobre inovação, Pichai expressou preocupação com a privacidade dos usuários.
Segundo ele, obrigar o compartilhamento de dados pode expor informações sensíveis e comprometer a confiança no serviço.
Venda do Chrome e questionamentos sobre investimentos
Pichai defendeu que o Google é responsável por mais de 90% das contribuições ao projeto Chromium e que a empresa investiu mais de US$ 1 bilhão no navegador apenas no último ano.
Ele argumenta que nenhuma outra companhia demonstrou o mesmo grau de comprometimento com o desenvolvimento e a segurança do Chrome.
Pichai também comentou sobre a crescente importância da inteligência artificial no futuro do Google Search.
Embora reconheça que chatbots de IA transformam a forma como as pessoas acessam informações, ele nega que esses sistemas tornarão os buscadores obsoletos. “Há uma sobreposição”, disse, “mas o espaço de oportunidades está se expandindo”.
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Histórico de condenações e processos paralelos
As falas do CEO reforçam a tentativa da empresa de conter medidas que se seguem a uma série de derrotas judiciais recentes. A mais relevante foi a condenação por monopólio nos EUA, que já foi considerada um marco nos esforços regulatórios contra big techs.
Além disso, o Google também está no centro de outras ações judiciais ao redor do mundo.
No Reino Unido, enfrenta um processo bilionário por suposto abuso de poder nas buscas, movido por empresas que alegam prejuízos causados pelas práticas anticompetitivas da gigante.
Nos EUA, a empresa também foi condenada por operar monopólios ilegais no setor de anúncios digitais, o que fortalece a pressão por medidas corretivas mais duras e reforça o contexto do depoimento de Pichai.
*Com informações do The Verge.