Se a OpenAI comprar o Chrome, a IA pode dominar a guerra dos navegadores
Possível venda do navegador reacende debate sobre monopólios digitais e abre caminho para que a OpenAI integre sua inteligência artificial à principal porta de entrada da web

A OpenAI, criadora do ChatGPT, está considerando comprar o navegador Chrome, caso o Google seja forçado pelo Departamento de Justiça dos EUA a se desfazer dele.
A informação foi divulgada pela Forbes e surge em meio a uma investigação antitruste contra a Alphabet, dona do Google, por práticas comerciais consideradas anticompetitivas — incluindo acordos exclusivos envolvendo a IA Gemini e fabricantes de celulares Android.
A possibilidade foi discutida na SEO Lab, quando mostramos que a OpenAI manifestou interesse na aquisição do navegador mais usado do mundo, com 3,3 bilhões de usuários ativos e cerca de 65% de participação global.
IA no centro do navegador
Para especialistas como Pascal Bornet, autor de Irreplaceable, a aquisição poderia transformar o Chrome em uma “camada de inteligência” que medeia toda a experiência digital.
Em vez de depender da busca ativa pelos serviços da OpenAI, o usuário encontraria a IA embutida na própria interface da web.
“É uma mudança estrutural na distribuição e monetização da IA”, afirmou Bornet por e-mail. “A OpenAI deixaria de ser um aplicativo e passaria a ser o filtro inteligente entre o usuário e a internet.”
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Troca de monopólio?
Apesar do potencial de inovação, a ideia levanta preocupações. Especialistas como Helen Yu, CEO da Tigon Advisory, alertam para o risco de apenas trocar um monopólio por outro.
A OpenAI poderia privilegiar seus próprios serviços, como o ChatGPT, dentro do Chrome, dificultando o acesso a concorrentes.
Esse cenário também foi discutido no contexto do julgamento antitruste contra o Google, tema de outra matéria da SEO Lab.
O Departamento de Justiça sugeriu que separar o Chrome do restante da Alphabet poderia restaurar a competição no setor de IA e buscas.
O dilema da privacidade
Além das disputas de mercado, a OpenAI ganharia acesso a uma imensa base de dados de comportamento do usuário, algo que poderia alimentar seus modelos, mas também gerar novos embates sobre privacidade digital.
Ahmed Banafa, professor de engenharia e tecnologia na Universidade Estadual de San Jose, acredita que o Chrome nas mãos da OpenAI se tornaria um navegador altamente inteligente — com sumarizações automáticas e buscas assistidas por IA.
Ainda assim, reforça: “a concentração de poder continua sendo um risco para a diversidade da web”.
Concorrência real ou reposicionamento?
Conor Grennan, CEO da AI Mindset, vê com bons olhos a possibilidade de uma nova disputa entre visões de computação aumentada por IA.
Para ele, a saída do Chrome das mãos do Google criaria espaço para mais competição.
No entanto, também reconhece o risco de apenas mudar o guardião da porta.
A movimentação ocorre enquanto o Google enfrenta outro processo, desta vez no Reino Unido, por suposto abuso de poder no mercado de buscas — tema que também já abordamos na SEO Lab.
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O que está em jogo?
Apesar de manter uma parceria próxima com a Microsoft (dona do navegador Edge), a OpenAI parece disposta a dar um passo além e controlar diretamente o principal canal de entrada da internet.
“O melhor cenário seria um mercado competitivo, com salvaguardas para evitar que qualquer empresa — Google, OpenAI ou outra — dite sozinha o futuro da IA”, conclui Grennan.
No fim, a disputa pelo Chrome não é apenas sobre um navegador — é sobre quem vai comandar a experiência digital da próxima década.