OpenAI mostra interesse na compra do Chrome

Em meio à pressão antitruste, chefe do ChatGPT revela que a gigante da IA estaria de olho no navegador do Google

OpenAI mostra interesse na compra do Chrome
Empresa estaria interessada em comprar o navegador Chrome do Google caso as autoridades antitruste consigam forçar a Alphabet a se desfazer do popular browser. Créditos: Reprodução/Open Ai.

A corrida pela supremacia na inteligência artificial (IA) ganhou um novo e inesperado capítulo no julgamento antitruste movido pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos contra o Google.

Nick Turley, chefe de produto do ChatGPT da OpenAI, surpreendeu a todos ao declarar, em depoimento, nesta terça-feira (22), que a empresa estaria interessada em comprar o navegador Chrome do Google caso as autoridades antitruste consigam forçar a Alphabet (controladora do Google) a se desfazer do popular browser. As informações são da agência Reuters.

ChatGPT de Olho no Navegador do Google em Cenário de Disputa Antitruste

O depoimento de Turley ocorreu durante um julgamento em Washington, onde o Departamento de Justiça busca impor medidas de longo alcance ao Google para restaurar a concorrência nas buscas online.

No ano passado, o juiz responsável pelo caso já havia concluído que o Google detém um monopólio ilegal tanto no mercado de buscas quanto na publicidade relacionada.

Embora o Google não tenha colocado o Chrome à venda e planeje recorrer da decisão de monopólio, o interesse da OpenAI no navegador acende um debate sobre o futuro da competição nesse setor crucial da internet.

O julgamento de alto risco também oferece um vislumbre da acirrada disputa na área de IA generativa, onde grandes empresas de tecnologia e startups competem fervorosamente para desenvolver seus aplicativos e conquistar usuários.

Preocupações com Vantagem da IA e Busca Integrada

Durante as alegações iniciais na segunda-feira, os promotores levantaram preocupações de que o domínio do Google nas buscas poderia conferir à empresa vantagens injustas no campo da IA, e que seus produtos de IA seriam mais uma forma de direcionar os usuários de volta ao seu mecanismo de busca tradicional.

Em contraste, um documento interno da OpenAI apresentado pelo advogado do Google no julgamento revelou que Turley havia escrito no ano passado que o ChatGPT liderava o mercado de chatbots para consumidores e não via o Google como seu principal concorrente.

Em seu depoimento, Turley esclareceu que o documento tinha como objetivo inspirar os funcionários da OpenAI e que a empresa ainda se beneficiaria de parcerias de distribuição.

OpenAI Buscou Parceria com o Google para Aprimorar Busca no ChatGPT

Ainda em seu depoimento, Turley, que atuou como testemunha do governo, revelou que o Google rejeitou uma proposta da OpenAI para utilizar sua tecnologia de busca no ChatGPT.

Segundo Turley, a OpenAI procurou o Google após enfrentar problemas com seu próprio provedor de busca, que ele não nomeou.

Atualmente, o ChatGPT utiliza a tecnologia do mecanismo de busca da Microsoft, o Bing.

"Acreditamos que ter vários parceiros, e em particular a API do Google, nos permitiria fornecer um produto melhor aos usuários", afirmou a OpenAI ao Google, conforme um e-mail exibido durante o julgamento.

O primeiro contato ocorreu em julho, mas o Google recusou a proposta em agosto, alegando que envolveria muitos concorrentes. "Não temos nenhuma parceria com o Google hoje", confirmou Turley.

Compartilhamento de Dados Aceleraria Melhorias no ChatGPT

Turley também declarou que a proposta do Departamento de Justiça de obrigar o Google a compartilhar dados de pesquisa com concorrentes como a OpenAI poderia acelerar os esforços para aprimorar o ChatGPT.

Ele explicou que a pesquisa é uma parte essencial para que o ChatGPT forneça respostas atualizadas e factuais às consultas dos usuários, e que a tecnologia da OpenAI ainda está "a anos de distância" de atingir sua meta de usar sua própria tecnologia de pesquisa para responder a 80% das perguntas.

Fim de Acordos Exclusivos e Flexibilização de Parcerias

Em agosto, o juiz distrital dos EUA Amit Mehta concluiu que o Google protegeu seu monopólio de busca por meio de acordos exclusivos com a Samsung Electronics e outras empresas, garantindo que seu mecanismo de busca fosse instalado como padrão em novos dispositivos.

Documentos apresentados no julgamento revelaram que o Google havia considerado acordos ainda mais exclusivos com fabricantes de celulares Android, como a Samsung, que abrangeriam não apenas seu aplicativo de busca, mas também seu aplicativo Gemini AI e o navegador Chrome.

No entanto, em vez de firmar acordos mais restritivos, o Google flexibilizou seus acordos mais recentes com fabricantes de dispositivos como Samsung e Motorola, e com as operadoras de telefonia móvel AT&T e Verizon, permitindo que eles carregassem ofertas de busca rivais, conforme demonstraram outros documentos.

Esses acordos não exclusivos refletem o que o Google descreveu como sua solução para lidar com a decisão de Mehta.

No entanto, o Departamento de Justiça busca que o juiz vá além, proibindo o Google de realizar pagamentos lucrativos em troca da instalação de seu aplicativo de busca como padrão.

VEJA TAMBÉM: Julgamento antitruste contra o Google avança: Departamento de Justiça sugere separação do Chrome

Na semana passada, o Google enviou cartas reiterando que seus acordos não proibiam as empresas de instalar outros produtos de IA em novos dispositivos, testemunhou Peter Fitzgerald, executivo do Google, também na terça-feira.

O interesse da OpenAI no Chrome adiciona uma camada intrigante a um julgamento já carregado de implicações para o futuro da tecnologia e da competição online.

É importante lembrar que este não é o único front de batalha legal para o Google.

Como noticiamos recentemente aqui no SEO Lab, a empresa tem enfrentado um processo no Reino Unido por suposto abuso de poder no mercado de buscas, ação que ganhou força no começo de abril.

Além disso, em um revés ainda mais recente, o Google foi condenado nos Estados Unidos por operar monopólios ilegais no setor de anúncios digitais, um tema que também cobrimos de perto aqui no SEO Lab.

Esses acontecimentos sublinham o crescente escrutínio regulatório sobre as práticas de mercado do Google em diversas esferas.