Google revela: migração de domínio não foi culpada por queda de tráfego
John Mueller, do Google, expôs o verdadeiro problema por trás de um caso recente de queda de visibilidade nos resultados de busca: o conteúdo irrelevante herdado na migração

A migração de domínio é sempre um momento delicado para qualquer site. Quedas de tráfego, perda de posições e problemas com indexação estão entre os riscos mais temidos por quem trabalha com SEO.
E foi justamente esse cenário que levou um editor a buscar ajuda na rede social Bluesky, depois que seu site educacional migrou de javatpoint.com para tpointtech.com e, em seguida, viu sua visibilidade despencar.
Hello SEO Community, Sudden Deindexing & Traffic Drop after Domain Migration (from javatpoint.com to tpointtech.com) – Need Help #seo #google #googlesearchconsole #googlesearchcentral @searchliaison.bsky.social @johnmu.com @mattgsouthern.bsky.social @rustybrick.com @seroundtable.bsky.social
— Mahesh Sharma (@mahesh-seo.bsky.social) 2025-06-10T09:22:34.773Z
A primeira suspeita, claro, foi a própria migração. Mas John Mueller, do Google, demonstrou que o problema era mais profundo — e começou antes mesmo da mudança de domínio.
Segundo análise publicada pela Search Engine Journal, Mueller orientou o editor a investigar o novo domínio usando o Bing.
One of the things I noticed is that there's a lot of totally unrelated content on the site. Is that by design? If you go to Bing and use [site:tpointtech.com watch online], [site:tpointtech.com sexy], [site:tpointtech.com top 10] , similarly probably in your Search Console, it looks really weird.
— John Mueller (@johnmu.com) 2025-06-10T14:24:31.504Z
A sugestão era simples: buscar por termos como site:tpointtech.com sexy
ou site:tpointtech.com assistir online
.
O resultado revelou dezenas de páginas irrelevantes, com listas de celebridades e outros conteúdos fora do escopo educacional da proposta original.
Essas páginas, no entanto, não eram novas. Elas já existiam no domínio anterior e foram levadas na migração, junto com o problema que carregavam.
O conteúdo era o problema, não a migração
A grande lição do caso é que, embora a migração tenha coincidido com a queda no tráfego, ela não foi a causa direta.
Ela apenas funcionou como um gatilho. Ao detectar a mudança de domínio, o Google reavaliou o site como um todo e percebeu que uma parcela relevante do conteúdo era irrelevante para os usuários.
Esse tipo de reavaliação é cada vez mais comum, especialmente diante das mudanças na forma como o buscador entende intenção, contexto e relevância.
Como mostramos na matéria “Google exige indexação para seu conteúdo aparecer no modo IA”, os critérios para exibição em experiências baseadas em inteligência artificial estão mais rigorosos — e a simples presença de um conteúdo no site já não garante visibilidade.
Além disso, Mueller destacou que muitos editores superestimam a qualidade do próprio conteúdo, apenas porque ele teve bom desempenho no passado. Mas isso não significa que esse conteúdo será bem avaliado hoje.
O histórico de performance, por si só, não é uma blindagem contra reavaliações futuras — algo que reforça o alerta que demos na análise sobre o novo momento da busca com IA, segundo Sundar Pichai.
Expansão editorial sem coerência compromete a confiança
Expandir a linha editorial de um site é uma estratégia legítima, especialmente em segmentos como tecnologia e educação.
Mas essa expansão precisa fazer sentido dentro do posicionamento original.
Quando conteúdos completamente desconectados aparecem, sinaliza-se ao Google uma possível tentativa de ranqueamento forçado — e isso prejudica a confiança que o buscador deposita no domínio.
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Esse tipo de conteúdo, que foca em atrair tráfego sem entregar valor real ao usuário, é um dos pontos centrais na discussão recente sobre o impacto da IA na busca.
Como explicamos na matéria “Google dá dicas sobre visibilidade com IA, mas avisa: pare de focar só em cliques”, o buscador está cada vez mais interessado na experiência como um todo, e não apenas no CTR.
Diagnóstico com Bing e o novo papel das ferramentas
Um dos insights mais interessantes trazidos por Mueller foi o uso do Bing como ferramenta de diagnóstico.
O Bing, por manter indexado parte do conteúdo que o Google já ignora, pode funcionar como um “espelho” útil para descobrir conteúdos desatualizados ou irrelevantes ainda presentes no site, e que podem estar prejudicando a performance no Google.
Essa abordagem alternativa reforça um ponto debatido recentemente por aqui: o Google ainda domina a busca, mesmo com os avanços da IA.
Ou seja, mesmo com novas tecnologias em jogo, o que está em questão não é só a plataforma, mas o tipo de conteúdo e a confiança que ele transmite.
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Uma migração é mais do que um redirecionamento
O caso serve como lembrete para quem enxerga a migração apenas como uma questão técnica.
Mais do que acertar nos redirecionamentos e manter a estrutura, é preciso garantir que o conteúdo migrado seja de fato relevante, atualizado e coerente com a proposta do site.
Afinal, como ficou claro neste exemplo, o Google não hesita em reavaliar a qualidade do que está sendo oferecido, especialmente quando há uma mudança de cenário, como uma migração de domínio ou uma reformulação de identidade digital.
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