Google recomenda considerar o uso de Noindex em arquivos llms.txt
Novo formato voltado para inteligência artificial levanta preocupações entre especialistas. John Mueller orienta como lidar com a indexação do llms.txt para evitar riscos ao SEO

Se você atua com marketing digital ou SEO técnico, é hora de conhecer o llms.txt. Esse novo formato propõe uma forma padronizada de entregar o conteúdo essencial de um site diretamente para grandes modelos de linguagem (LLMs), como as IAs generativas.
Em vez do HTML completo da página, o arquivo fornece uma versão simplificada e formatada em Markdown, hospedada na raiz do site.
Apesar de algumas confusões iniciais, o llms.txt não substitui nem se compara ao robots.txt. Enquanto o robots controla o comportamento de bots, o llms.txt serve como um canal dedicado de conteúdo para treinar IAs.
Essa diferença conceitual reforça algo que já discutimos na SEO Lab: mesmo em tempos de inteligência artificial, URLs e estruturas técnicas continuam relevantes para o SEO — e agora, também para a IA.
Leia também: O que é IA SEO e por que você precisa entender isso agora
O llms.txt pode causar problemas de conteúdo duplicado?
Essa foi a dúvida levantada por profissionais no Bluesky, respondida diretamente por John Mueller, do Google.
A preocupação era que, ao disponibilizar o conteúdo principal em um llms.txt, o site poderia acabar punido por conteúdo duplicado.
@johnmu.com Will Google view LLMs.txt files as duplicate content? It seems stiff necked to do so, given that they know that it isn't, and what it is really for. Should I add a “noindex” header for llms.txt for Googlebot?
— The UK Web Design Company - London Web Developers (@londonwebagency.bsky.social) 2025-07-21T08:41:33.018Z
Segundo Mueller, isso não faz sentido. O arquivo só seria tratado como duplicado se repetisse literalmente o conteúdo HTML da página — algo que não deve ocorrer se o llms.txt for utilizado corretamente, como um resumo objetivo, pensado para consumo por IAs.
It would only be duplicate content if the content were the same as a HTML page, which wouldn't make sense (assuming the file itself were useful). That said, using noindex for it could make sense, as sites might link to it and it could otherwise become indexed, which would be weird for users.
— John Mueller (@johnmu.com) 2025-07-21T09:15:24.446Z
A explicação, divulgada pelo Search Engine Journal, reforça um ponto que temos visto em atualizações recentes do Google: o buscador não penaliza formatos novos apenas por existirem.
Assim como aconteceu com dados estruturados desativados para simplificar resultados, como já explicamos na SEO Lab ao abordar a limpeza de marcações pelo Google, o foco da empresa continua sendo a experiência do usuário.
Mas atenção: o risco está na indexação indesejada
Embora o problema não seja duplicação, Mueller alertou para outro risco mais prático: o Googlebot pode acabar rastreando e indexando o arquivo llms.txt. Isso porque links externos — mesmo acidentais — podem fazer o arquivo parecer uma página válida.
Nesse cenário, o que deveria ser lido apenas por modelos de IA acaba exposto publicamente nos resultados de busca, causando confusão e prejudicando a percepção do seu conteúdo.
Para evitar isso, Mueller orienta: adicionar um cabeçalho HTTP Noindex ao arquivo llms.txt é recomendável. Assim, mesmo se rastreado, o arquivo não será exibido na SERP.
Esse cuidado reforça uma recomendação que temos abordado na SEO Lab: ao estruturar seu site, controle não apenas o que está acessível ao Googlebot, mas também o que realmente merece aparecer na busca.
Como mostramos na nossa análise sobre estratégias eficientes de links internos, cada ponto de entrada do Googlebot precisa ser planejado.
Robots.txt não resolve o problema
Uma dúvida comum entre profissionais técnicos é: “E se eu simplesmente bloquear o llms.txt via robots.txt?”. Parece uma solução, mas não é a mais adequada. Bloquear o arquivo evita o rastreamento, mas impede que o Googlebot visualize o cabeçalho Noindex.
Sem rastreamento, o Google não consegue receber a instrução de desindexar o conteúdo.
Por isso, a recomendação do próprio Google é permitir o rastreamento e controlar a indexação diretamente no cabeçalho HTTP. Esse tipo de ajuste técnico, apesar de parecer pequeno, pode fazer diferença para preservar a integridade da presença digital da sua marca.
Leia também: Google exige indexação para seu conteúdo aparecer no Modo IA
O impacto para quem trabalha com conteúdo e SEO
Se você administra um blog, e-commerce ou site institucional, o llms.txt pode parecer algo distante da sua rotina.
Mas a proposta ganha força conforme grandes publishers e sites técnicos começam a adotar práticas para controlar como suas informações alimentam inteligências artificiais.
A recomendação para quem atua no marketing digital é clara:
- Monitore se o seu site está expondo um llms.txt.
- Caso publique o arquivo, configure corretamente o Noindex.
- Garanta que o conteúdo ali presente não replique integralmente suas páginas.
O mais importante, como já destacou John Mueller em outras ocasiões (e analisamos nesta matéria da SEO Lab), é manter uma visão estratégica de longo prazo. Adotar práticas técnicas sem avaliar o contexto do seu site e a experiência do usuário pode gerar mais problemas do que soluções.
Conclusão: IA muda o jogo, mas regras básicas continuam
A discussão em torno do llms.txt mostra como a inteligência artificial está influenciando diretamente o SEO e a arquitetura dos sites.
Mas o básico permanece: controle técnico, estratégia de indexação e atenção ao que realmente merece ser exibido na busca.
No fim, o recado do Google é simples: publique o llms.txt apenas se fizer sentido para seu projeto e controle sua exposição com um Noindex. Afinal, nem todo conteúdo precisa (ou deve) aparecer na SERP.
Veja também: SEO dá resultado rápido? Google explica quando esperar mudanças no ranqueamento