Google é condenado por operar monopólios ilegais em anúncios digitais nos EUA

Justiça dos EUA aponta monopólio ilegal em dois segmentos e amplia pressão sobre a big tech, que também responde a processo bilionário no Reino Unido

Google é condenado por operar monopólios ilegais em anúncios digitais nos EUA
Google violou a Lei Sherman ao dominar dois mercados-chave da publicidade digital, segundo decisão. Créditos: (Crédito: Mojahid Mottakin/Shutterstock).

O Google acaba de sofrer uma das maiores derrotas legais da sua história. Um tribunal federal no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, decidiu que a gigante da tecnologia operou monopólios ilegais em dois mercados distintos da publicidade digital: o de servidores de anúncios para editores e o de trocas de anúncios (ad exchanges), plataformas que conectam compradores e vendedores de anúncios online.

Segundo reportagem do New York Post, a decisão da juíza Leonie Brinkema, publicada nesta semana, afirma que o Google violou a Lei Sherman, uma das principais legislações antitruste dos EUA.

O argumento central é que a empresa consolidou seu poder de mercado por meio de práticas anticompetitivas que prejudicaram concorrentes, clientes e, no fim das contas, os próprios consumidores.

“Além de privar os rivais da capacidade de competir, essa conduta excludente prejudicou substancialmente os clientes editores do Google, o processo competitivo e, em última análise, os consumidores de informações na web aberta”, escreveu a juíza Brinkema.

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Caminho aberto para possível divisão da empresa

A sentença pode abrir precedentes para a fragmentação dos negócios de publicidade do Google.

O Departamento de Justiça dos EUA pede que a empresa seja obrigada a vender partes importantes do seu ecossistema de anúncios, incluindo o Google Ad Manager — plataforma que integra o servidor de anúncios e a ad exchange.

Mike Davis, conselheiro antitruste do presidente Donald Trump, afirmou que a dissolução do Google "parece provável".

Já organizações como a News/Media Alliance, organização sem fins lucrativos que representa mais de 2.200 editoras, incluindo o The Post, e o Tech Oversight Project celebraram a decisão como um avanço em prol da concorrência e da sustentabilidade do jornalismo na web.

A Alphabet, controladora do Google, viu suas ações caírem 1,2% após a divulgação da decisão.

Em nota, a empresa prometeu recorrer. “Vencemos metade deste caso e apelaremos da outra metade”, afirmou Lee-Anne Mulholland, vice-presidente de assuntos regulatórios do Google.

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Google nega conduta anticompetitiva, mas mercado reage

Apesar da condenação, o Google contestou os argumentos, alegando que editores e anunciantes têm múltiplas opções de plataformas e escolhem suas ferramentas “por serem eficazes, simples e acessíveis”.

Durante o julgamento, no entanto, o Departamento de Justiça apresentou documentos internos em que executivos da empresa admitiam estratégias para “esmagar” concorrentes no mercado publicitário — com desvios de até 35% do valor investido por anunciantes, segundo os acusadores.

Uma segunda fase do julgamento ainda irá definir quais medidas corretivas serão aplicadas para restaurar a concorrência nesse setor.

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Investigação no Reino Unido mira práticas semelhantes

Esta decisão nos EUA amplia o cerco global às práticas comerciais do Google.

Como noticiamos nesta semana na SEO Lab, a big tech também enfrenta um processo bilionário no Reino Unido, acusado de monopolizar o mercado de publicidade em mecanismos de busca e cobrar taxas abusivas de anunciantes.