Google começa a testar anúncios no Modo IA e expande publicidade nas Visões Gerais
Gigante das buscas insere publicidade em mais formatos baseados em inteligência artificial enquanto tenta manter receita em meio à queda de cliques orgânicos.

Os anúncios estão invadindo de vez as respostas geradas por inteligência artificial no Google.
Depois de liberar os AI Overviews (ou Visões Gerais de IA) no celular, a gigante das buscas começou a expandir esses formatos para desktop nos EUA e a testar anúncios também dentro do Modo IA, a interface de pesquisa com o chatbot Gemini.
Segundo Dan Taylor, VP de anúncios globais do Google, as buscas feitas no Modo IA são duas vezes mais longas que as tradicionais e têm um perfil mais exploratório.
Para ele, isso abre espaço para anunciantes entrarem em conversas das quais ficavam de fora.
A mudança vem depois do lançamento das Visões Gerais para mais de 200 países e da promessa da empresa de facilitar o compartilhamento desses conteúdos.
Mas tudo isso tem um preço. A resposta gerada por IA elimina muitos dos cliques que antes iam para sites.
Um estudo da Ahrefs mostrou queda de até 30% nas taxas de clique para resultados bem posicionados.
Com mais de US$ 75 bilhões investidos em infraestrutura de IA e nuvem este ano, o Google precisa de retorno.
A receita publicitária continua sendo a galinha dos ovos de ouro. Foram cerca de US$ 265 bilhões no ano passado só com anúncios.
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Por enquanto, os anunciantes não podem escolher aparecer nas Visões Gerais ou no Modo IA.
O Google está usando campanhas de busca já existentes com base em palavras-chave, localização e outros dados. Segundo a empresa, o modo como os links aparecem no Search Console foi ajustado para contemplar as Visões Gerais.
Ao mesmo tempo, a empresa está dobrando a aposta na automação. Anunciantes podem usar ferramentas de IA como o Veo e o Imagen para criar vídeos e imagens a partir de catálogos de produtos.
Um recurso chamado Smart Bidding Exploration detecta novos tipos de consultas para automatizar lances, mesmo para buscas mais complexas, como "melhor cartão de crédito sem anuidade".
No Google Ads e no Analytics, um agente de IA ajuda a sugerir tendências e ajustes nas campanhas.
A ideia é automatizar o máximo possível. Algo que já ecoa o discurso da Meta, que também está testando um sistema onde o anunciante só informa o objetivo, conecta a conta bancária e deixa o resto com a IA.
Mas nem todo mundo está pronto para isso. Alguns clientes ainda preferem manter o controle.
Segundo Scott Sadeghian-Tehrani, da agência 26PMX, varejistas que precisam ajustar campanhas com base em sazonalidade ou estoque ainda têm receio de abrir mão da gestão manual.
Mesmo com tudo isso, o Google garante que a receita de anúncios de busca não muda por enquanto.
Mas o cenário já está em transformação. A IA virou o novo campo de batalha da publicidade, e o Google não quer perder tempo.