Estudo revela que o Modo IA do Google troca URLs em 91% das buscas repetidas

Mesmo consultando as mesmas palavras-chave, o Modo IA do Google apresenta diferentes resultados na maior parte das vezes. Para quem produz conteúdo, a imprevisibilidade pode ser um problema ou uma oportunidade.

Estudo revela que o Modo IA do Google troca URLs em 91% das buscas repetidas
A nova geração de buscas do Google, baseada em IA, mostra resultados distintos mesmo para as mesmas consultas — e isso muda o jogo para quem aposta em SEO. Créditos: Unsplash.

Um novo estudo analisou como o Modo IA do Google — aquele que oferece respostas geradas por inteligência artificial, fora da SERP tradicional — tem se comportado.

O levantamento, feito pela SE Ranking e divulgado pela Search Engine Journal, analisou 10 mil palavras-chave e identificou um cenário de alta volatilidade: 91% das vezes, as URLs exibidas mudaram em consultas repetidas.

Além disso, o cruzamento com os 10 primeiros resultados orgânicos mostrou uma sobreposição média de apenas 9,2%, o que sinaliza que os critérios da IA são bem diferentes dos adotados pelo algoritmo de ranqueamento tradicional.

IA varia resultados até quando a pergunta é igual

Para testar a consistência, os pesquisadores repetiram as mesmas buscas no Modo IA três vezes ao longo de um único dia. Em mais de um quinto dos casos (21,2%), nenhuma URL se repetiu entre os testes.

Mesmo no nível de domínio (ou seja, o site de origem, e não a página exata), a consistência foi modesta: 14,7%. Isso mostra que o Modo IA pode até puxar conteúdos do mesmo veículo, mas alterna bastante quais links aparecem.

Essa rotatividade reforça a importância de manter URLs consistentes e estruturadas, uma diretriz que o próprio Google atualizou recentemente para otimização de imagens — e que discutimos na SEO Lab ao detalhar as novas recomendações para SEO técnico com foco em imagens e URLs.

Leia também: CEO do Google diz que Visões Gerais de IA aumentam tráfego para sites. Mas quem tá sentindo isso?

Pouca conexão com os resultados orgânicos

Quando comparado com o ranking orgânico da pesquisa tradicional, o Modo IA também mostra independência: apenas 14% das URLs exibidas pela IA estavam no top 10 orgânico. No recorte por domínio, o índice sobe um pouco, para 21,9%, mas ainda é um número baixo.

Mais curioso: em 17,9% das buscas, o Modo IA trouxe apenas fontes que não aparecem entre os resultados orgânicos principais.

É um sinal claro de que a seleção da IA pode estar pautada por outras variáveis — como estrutura da página, dados estruturados, autoridade geral do domínio ou até diversidade editorial.

Esse comportamento vem na esteira de outro fenômeno que temos acompanhado: a queda de cliques nos resultados orgânicos desde o lançamento das Visões Gerais de IA, que já impacta diretamente estratégias de SEO e captação de tráfego — como mostramos em um levantamento recente da SEO Lab.

Leia também: Quer aparecer nas Visões Gerais de IA? Estudo mostra quem está sendo citado (e quem foi ignorado)

Domínios confiáveis ainda dominam

Apesar da alta rotação de links, o estudo mostrou que o Google IA tem suas preferências.

Em média, cada resposta gerada inclui 12,6 citações, a maioria no formato “em bloco” (quase como notas de rodapé). Apenas 8,9% dos links são contextuais, embutidos no texto.

Entre os domínios mais citados, aparecem nomes conhecidos:

  • De fato (1,8%)
  • Wikipédia (1,6%)
  • Reddit (1,5%)
  • YouTube (1,4%)
  • NerdWallet (1,2%)

Além disso, propriedades do próprio Google — como perfis de empresas no Google Maps — representaram 5,7% de todos os links.

Modo IA e Visões Gerais da IA: primos distantes

Se engana quem pensa que o Modo IA funciona da mesma forma que as Visões Gerais da IA (as “AI Overviews” exibidas direto na SERP).

Apesar de ambos usarem inteligência artificial, o estudo mostrou que a sobreposição entre eles é de apenas 10,7% nas URLs e 16% nos domínios.

Ou seja, não basta entender um sistema: agora há múltiplos mecanismos de visibilidade operando ao mesmo tempo.

E, como já explicamos em outra análise da SEO Lab, as Visões Gerais têm perdido posição no topo da SERP em 12,4% das buscas, o que mostra que até as respostas geradas por IA já estão em disputa de espaço — inclusive dentro do próprio Google.

O que muda para quem produz conteúdo

Para profissionais de SEO e marketing de conteúdo, o cenário traz tanto riscos quanto oportunidades. A rotatividade nas citações dificulta o monitoramento tradicional de visibilidade — afinal, estar no top 10 orgânico não garante presença nas respostas da IA.

Por outro lado, essa mesma fluidez abre mais espaço para quem produz conteúdo confiável e de nicho. Como o Modo IA atualiza suas fontes com frequência, um material bem escrito, com autoridade no assunto, pode aparecer mesmo fora do radar orgânico tradicional.

Leia também: Por que o conteúdo gerado pelo usuário virou peça-chave para o SEO

Mas há um alerta: mais acessos nem sempre significam mais engajamento.

Já mostramos aqui na SEO Lab que, com as Visões Gerais, o Google passou a atrair mais visitas, mas os usuários interagem menos com os resultados.

O comportamento de busca está mudando — e com ele, o que se considera sucesso em SEO.

Estratégias para se manter relevante na era da IA

O estudo sugere algumas práticas que podem ajudar criadores e empresas a conquistarem visibilidade mesmo com a lógica volátil da IA:

  • Construir autoridade em nível de domínio, não só em páginas específicas
  • Publicar conteúdos em plataformas confiáveis e diversificadas
  • Otimizar a presença local (Google Maps e afins)
  • Monitorar os padrões de citação da IA e testar formatos e tópicos

À medida que o Modo IA evolui, entender seus critérios de seleção pode se tornar tão importante quanto acompanhar as atualizações do algoritmo orgânico.