CEO do Google diz que Visões Gerais de IA aumentam tráfego para sites. Mas quem tá sentindo isso?

Sundar Pichai, CEO do Google, foi a público defender o uso do AI Overviews, as Visões Gerais de IA. Segundo ele, a nova ferramenta está distribuindo mais tráfego para mais sites.

Em entrevista ao The Verge, garantiu que o Google continua comprometido com o ecossistema da web.

O problema é que essa narrativa não bate com o que donos de sites, criadores de conteúdo e profissionais de SEO têm observado nos últimos meses.

O que se vê é queda nos cliques, queda no engajamento, queda na receita. Mas, segundo Pichai, está tudo em alta.

Ele citou um dado para tentar sustentar a tese: o número de páginas no índice do Google cresceu 45% nos últimos dois anos.

Só esqueceu de mencionar que boa parte desse crescimento vem de conteúdo gerado por IA, muitas vezes irrelevante e sem engajamento real.

O entrevistador não deixou barato e questionou. Se a web está tão bem, por que tanta gente está perdendo tráfego?

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Visões Gerais: mais tráfego... pra quem?

Na visão do CEO, o novo Modo IA envia tráfego para um conjunto maior de sites e ajuda a dar mais contexto às buscas dos usuários. Parece ótimo, mas os dados do mundo real contam outra história.

Como mostramos no SEO Lab, sites relataram queda de até 30% nos cliques após a implementação das Visões Gerais de IA.

Já outra análise publicada no site apontou que, embora o Google esteja atraindo mais usuários, o engajamento caiu. Isso significa que as pessoas estão acessando menos páginas, clicando menos links e interagindo menos com os resultados.

Ou seja, o tráfego geral da plataforma pode até estar subindo, mas isso não está se refletindo em visitas para os sites.

E não é por acaso. Diversos criadores reclamam que o Google está entregando as respostas direto no topo da página, tirando a necessidade de clique.

IA entre o usuário e o site: o novo cartão de crédito?

Durante a entrevista, Pichai também falou sobre os chamados agentes de IA. Segundo ele, essas ferramentas vão pesquisar e até fazer compras em nome dos usuários.

Ele chegou a comparar os agentes com empresas de cartão de crédito, dizendo que ambos cobram um preço, mas tornam o processo mais eficiente.

A comparação pode até parecer conveniente, mas é superficial. Cartões de crédito não matam o relacionamento entre marcas e consumidores. Agentes de IA, sim.

Eles assumem o controle da experiência, eliminam o contato direto entre lojista e cliente, e colocam o algoritmo como único intermediário.

Isso significa menos oportunidade para capturar e-mails, oferecer upsell ou criar vínculos com quem compra. E para quem vive de conteúdo, isso representa um golpe direto na estratégia de marketing.

O que o Google não responde

Quando questionado sobre a influência do conteúdo gerado por IA nesse crescimento de páginas indexadas, Pichai foi evasivo.

Disse que o Google tem técnicas para avaliar qualidade, mas não explicou como isso está funcionando na prática.

Em vez de responder, desviou o assunto para o YouTube, formatos dinâmicos e modelos multimodais.

A entrevista pareceu uma tentativa de mostrar otimismo enquanto o barco balança. Para quem está acompanhando de perto as mudanças na busca, soou como uma tentativa de apagar incêndio com gasolina.

E não é a primeira vez. No artigo anterior do SEO Lab sobre a nova era da busca, já havíamos mostrado como o discurso do Google tenta suavizar um impacto que é bem real para quem depende de tráfego.

No fim das contas…

Pichai encerrou dizendo que ninguém envia tanto tráfego para a web quanto o Google. E ele tem razão. A questão é por quanto tempo isso vai continuar sendo verdade.

A IA generativa virou o jogo. O Google, que antes era ponte entre usuário e site, está virando um atalho. E nesse atalho, quem produz conteúdo original está ficando pra trás.

Como destacamos em outro artigo publicado no SEO Lab, o Google continua negando os impactos da IA sobre a busca. Mas negar já não é o suficiente. Os números estão aí, e os criadores de conteúdo sentem no bolso.

Assista à entrevista na íntegra: