Estamos entrando na 5ª Era dos Navegadores?
Entenda como os browsers estão se tornando plataformas de publicidade

Com a possível ascensão da chamada “Era da Centralização”, navegadores como Brave, Opera e Firefox começam a assumir um novo papel no ecossistema digital: o de centros integrados de adtech.
Esse movimento pode representar uma mudança profunda na estrutura da web aberta.
Os indícios são cada vez mais evidentes. Segundo Dustin Cha, cofundador da Ad-Shield, os navegadores estão migrando para um modelo de centralização das tecnologias de publicidade.
Essa mudança pode significar uma ruptura com o modelo tradicional, mais descentralizado, da internet.
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As transformações ao longo do tempo
Chan se embasou sobretudo nas transformações que os navegadores passaram últimas três décadas, com diversas fases:
Na “Era do Mosaico” (1993–1997), surgiram os primeiros navegadores gráficos, com o Netscape Navigator dominando o cenário até o avanço da Microsoft com o Internet Explorer.
Na “Era do Internet Explorer” (1998–2005), a Microsoft consolidou sua posição, vencendo o que ficou conhecido como a “Primeira Guerra dos Navegadores”, ainda que tenha enfrentado investigações antitruste por conta de seu domínio.
A “Era da Escolha” (2006–2015) foi marcada pelo lançamento do Firefox e, principalmente, do Chrome, que acabou prevalecendo na chamada “Segunda Guerra dos Navegadores”.
Foi nesse período também que os adblockers começaram a se popularizar, desafiando o modelo tradicional de publicidade digital.
Já na “Era do Cromo” (2016–2024), a maioria dos navegadores passou a adotar o Chromium como base, inclusive os que se posicionavam como críticos à adtech, como o Brave.
O que define a possível 5ª Era
A “Era da Centralização”, que pode começar em 2025, se caracteriza pela internalização das estruturas de adtech diretamente nos navegadores.
Isso significa que parte da publicidade digital deixaria de depender dos sites e passaria a ser gerida pelos próprios browsers, com foco em usuários logados e consentidos.
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Brave, Opera e Firefox já apresentam sinais claros dessa tendência. O Brave exibe anúncios próprios, o Opera investe em formatos premium e o Firefox passou a integrar os chamados Mozilla Ads.
Essas operações acontecem diretamente no navegador, não nas páginas web, o que muda a lógica da distribuição de valor na internet.
Juntos, esses navegadores reúnem cerca de 600 milhões de usuários ativos mensais.
Por que essa mudança está ocorrendo?
De acordo com análises recentes, os navegadores foram, durante anos, financiados indiretamente por mecanismos de busca como Google e Yahoo!, funcionando como canais de distribuição.
Com o fim progressivo desse subsídio, muitos passaram a buscar novas fontes de receita, entre elas, a integração direta com plataformas de publicidade.
No caso do Safari, o navegador da Apple ainda se beneficia desse tipo de subsídio, mas já existem especulações sobre o lançamento de uma estrutura própria de anúncios integrados.
O movimento da empresa sugere que ela também pode estar se preparando para um futuro mais centralizado.
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A estratégia do Chrome
O Chrome, navegador do Google, é o protagonista nesse cenário.
Mesmo antes das ações antitruste, a empresa já vinha trabalhando no Privacy Sandbox, iniciativa que busca integrar a monetização diretamente ao ambiente de navegação, de forma verticalizada.
O objetivo seria transformar o navegador em uma plataforma de publicidade centralizada, controlando todas as etapas do processo.
Alguns especialistas apontam que, caso o Google venha a vender o Chrome, o novo proprietário poderia manter essa estrutura — ou até ampliá-la.
Há até quem especule que empresas como a Meta poderiam se interessar, oferecendo um modelo de publicidade baseado em dados altamente detalhados e ciclos de feedback totalmente determinísticos.
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E o Edge?
O navegador da Microsoft também tem sua própria implementação do Privacy Sandbox, seguindo a mesma linha de integração entre navegação e publicidade.
O papel dos apps de IA
Outro elemento que pode influenciar esse cenário são os aplicativos de inteligência artificial, que estão criando navegadores embutidos para acessar conteúdos da web.
No entanto, o valor gerado por esse tráfego tende a ser capturado pelos próprios aplicativos, por meio de estruturas de adtech centralizadas em suas interfaces.