Visões Gerais de IA aumentam acessos ao Google, mas reduzem engajamento dos usuários
Novo levantamento mostra que, com respostas automatizadas, usuários visitam mais o Google — mas interagem menos

As Visões Gerais de IA (AI Overviews), lançadas pelo Google em maio de 2024, estão mudando a forma como os usuários interagem com o buscador.
Um estudo recente, intitulado "Os dados por trás das visões gerais de IA do Google: o que Sundar Pichai não lhe contará", conduzido por Kevin Indig, em parceria com a Similarweb, analisou 5 bilhões de buscas e mais de 20 milhões de sites nos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha.
A principal descoberta: embora as visitas ao Google tenham aumentado, o tempo de permanência e o número de páginas acessadas por sessão estão em queda.
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Esse comportamento, descrito pelo autor como “resolve and go”, sinaliza que os usuários estão acessando o Google com mais frequência, mas permanecem menos tempo.
E embora isso possa indicar uma experiência mais rápida e eficiente, os dados acendem um alerta para quem depende de tráfego orgânico.
Crescimento de tráfego, mas sessões mais curtas
Nos Estados Unidos, as visitas ao Google cresceram 9% desde a implementação dos AI Overviews. A participação dos acessos vindos de buscas passou de 26,9% para 29,1%.
Porém, o tempo médio gasto por sessão e o número de páginas visitadas caíram — especialmente na Alemanha, onde os resumos de IA foram ativados recentemente.
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Essa tendência reforça o que outros estudos também apontaram: os usuários estão encontrando as respostas diretamente na interface do Google e, por isso, clicando menos em links externos.
Já abordamos essa questão na SEO Lab, em uma matéria que revela que os resumos de IA podem estar derrubando os cliques em até 34,5%.
E o que o Google diz sobre isso?
A empresa, por sua vez, adota uma perspectiva otimista. Em declarações recentes, representantes do Google afirmaram que os AI Overviews estariam melhorando a qualidade dos cliques, mesmo que em menor volume.
Segundo a empresa, os usuários estariam mais satisfeitos por chegarem exatamente ao que procuram, o que justificaria sessões mais curtas.
No entanto, há uma diferença considerável entre a narrativa oficial e os dados de mercado.
Apesar de o Google ter revelado que mais de 1,5 bilhão de usuários estão sendo impactados mensalmente pelas Visões Gerais de IA, a empresa evita comentar os efeitos nas taxas de cliques — o que tem gerado críticas e especulações.
Inclusive, já discutimos esse silêncio estratégico do Google em um artigo que questiona a falta de transparência sobre a queda nas taxas de cliques.
Efeitos no conteúdo e nas estratégias de SEO
O estudo também revelou que o comprimento médio das buscas praticamente não mudou.
Nos EUA, houve um leve aumento de apenas 3%, e no Reino Unido, uma pequena queda.
Na prática, isso significa que o comportamento de pesquisa segue semelhante — mas as respostas entregues estão mais completas e centralizadas na própria SERP do Google.
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Além disso, outro dado relevante é que os AI Overviews estariam citando menos páginas que tradicionalmente apareciam entre os 10 primeiros resultados.
Com isso, marcas e criadores de conteúdo que antes apareciam com frequência nas primeiras posições podem estar sendo preteridos pelas respostas sintetizadas da IA.
Detalhamos essa mudança em uma análise anterior da SEO Lab, na qual mostramos como a atualização de março afetou diretamente o número de sites do top 10 citados pelos resumos de IA.
O que esperar daqui pra frente?
O cenário é desafiador. Para SEOs e profissionais de conteúdo, acompanhar os dados e entender como as Visões Gerais de IA impactam a visibilidade e a performance dos sites será essencial nos próximos meses.
Embora o tráfego do Google esteja em alta, a forma como esse tráfego se comporta está mudando — e com ele, as métricas tradicionais de sucesso também precisarão ser revistas.