Tráfego de busca por IA ignora o mobile: o que isso significa para suas estratégias de SEO

Mesmo dominando a web, dispositivos móveis ficam de fora da revolução da IA nas buscas. Dados revelam uma oportunidade estratégica para quem produz conteúdo

Tráfego de busca por IA ignora o mobile: o que isso significa para suas estratégias de SEO
A inteligência artificial já está moldando o futuro da buscam mas os acessos ainda chegam, majoritariamente, via desktop. Créditos: Unsplash.

A inteligência artificial está redesenhando a forma como as pessoas buscam informação na internet. Ferramentas como ChatGPT, Perplexity e o AI Overviews do Google já geram tráfego significativo para sites, mas um detalhe importante está passando despercebido por muita gente.

Mais de 90% do tráfego gerado por buscas em ferramentas de IA vem de desktops.

Enquanto isso, os dispositivos móveis, responsáveis pela maioria do tráfego global da web, seguem praticamente fora do jogo.

O dado vem de um levantamento do Search Engine Journal, com base em números do BrightEdge Generative Parser, que mostra um paradoxo importante: a revolução da IA nas buscas ainda está presa aos computadores.

E esse detalhe não é só técnico. Ele representa um ponto cego nas estratégias de marketing e SEO, que precisam urgentemente considerar as diferenças de comportamento e de infraestrutura entre desktop e mobile.

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Por que a IA está favorecendo o desktop?

O levantamento mostra números claros:

  • ChatGPT: 94% das referências vêm do desktop.
  • Perplexity: 96,5% também no desktop.
  • Bing Copilot: 95%.
  • Google Gemini: 91%.
  • Apenas o Google Search tradicional mantém uma leve vantagem mobile: 53% das referências são originadas de smartphones.

A explicação? Não está apenas no usuário. Está nas próprias plataformas.

No desktop, clicar numa citação de IA leva diretamente ao site original. No mobile, o mesmo clique muitas vezes abre uma prévia do conteúdo dentro do aplicativo, exigindo mais um passo até o acesso real ao site.

Esse fluxo “interceptado” reduz o tráfego mobile de forma drástica.

Além disso, o comportamento de quem pesquisa no celular é diferente: buscas rápidas, objetivas e mais ligadas a descobertas.

No desktop, as consultas tendem a ser mais analíticas e aprofundadas — exatamente o perfil de conteúdo que as ferramentas de IA priorizam.

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Estratégia: diferenciar conteúdo para desktop e mobile

Desktop segue como prioridade

Enquanto o mobile não “vira a chave”, a recomendação é clara: trabalhe com duas frentes diferentes. No desktop:

  • Produza conteúdos densos, como análises e comparativos detalhados.
  • Aproveite o espaço de tela maior para recursos visuais e dados aprofundados.
  • Invista em explicações técnicas, guias completos e materiais educativos longos.

Como já discutimos na SEO Lab, as visões gerais de IA tendem a valorizar conteúdos mais completos e confiáveis — e o desktop hoje concentra as melhores oportunidades de citação.

Exemplo disso é a análise sobre como o Google exibe diferentes fontes no modo IA dependendo do dispositivo e navegador — algo que já exploramos, mostrando como o contexto técnico pode influenciar diretamente quem será citado.

Prepare-se para o crescimento da IA no mobile

Mesmo sendo minoria hoje, o tráfego mobile via IA é uma questão de tempo. As plataformas já estão adaptando suas arquiteturas, e quando as barreiras técnicas forem superadas, o crescimento será rápido.

Por isso, o alerta do Search Engine Journal é estratégico: aproveite o tempo agora para otimizar o mobile.

  • Sites responsivos e rápidos, sem descuidar da experiência do usuário;
  • Conteúdo direto e focado em respostas rápidas, ideal para consumo mobile;
  • Uso de marcação de esquema e melhoria dos Core Web Vitals — já debatidos na SEO Lab, onde mostramos que qualidade técnica do site e experiência do usuário seguem pesando não só no ranking, mas agora também nas chances de citação por IA.

O papel invisível da Apple

A Apple é um fator que pouca gente considera. Com o Safari controlando o tráfego mobile global, uma mudança no mecanismo de busca padrão, ou a introdução de um recurso próprio de busca por IA, pode redistribuir o tráfego praticamente da noite para o dia.

Por enquanto, o Google domina a busca mobile — mas o cenário pode mudar rapidamente se a Apple decidir entrar no jogo. Esse é um ponto que merece atenção em qualquer planejamento estratégico.

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Oportunidade imediata está no desktop, mas o mobile será inevitável

Enquanto isso, o desktop reina absoluto nas referências de IA. Isso significa que as marcas que investirem em conteúdo aprofundado e confiável podem colher resultados mais rápidos. Mas seria um erro estratégico subestimar o mobile.

Como mostramos na SEO Lab, mesmo diante de debates sobre penalizações de conteúdo automatizado, o Google segue valorizando conteúdo de qualidade — e isso se aplica também às citações em buscas com IA.

Além disso, vale lembrar: segundo o próprio Google, as Visões Gerais de IA geram receita comparável à busca tradicional. Ou seja, tráfego vindo via IA não é apenas uma curiosidade técnica. É audiência qualificada, com potencial de conversão — e monetização.

Conclusão: prepare duas estratégias distintas

A revolução da IA trouxe um novo ingrediente para o SEO e para o marketing digital, mas o jogo não é um só.

  • O desktop é onde estão as oportunidades imediatas para tráfego e citações via IA.
  • O mobile é a próxima fronteira — e quem não começar a preparar seu conteúdo agora, pode perder espaço quando essa virada acontecer.

O comportamento do usuário muda, as plataformas evoluem — e, como sempre, quem se antecipa sai na frente.