Startup parceira do Google diz que ações do DOJ podem sufocar IA emergente

Anthropic critica propostas do DOJ: ‘Sem o Google, IA fica nas mãos dos gigantes’

Startup parceira do Google diz que ações do DOJ podem sufocar IA emergente
Anthropic, uma das startups de IA mais promissoras do mercado, afirma que sem o apoio de gigantes como o Google, o setor pode ficar ainda mais concentrado. Créditos: Unsplash.

A cruzada do governo norte-americano contra o domínio do Google no mercado de buscas ganhou um novo capítulo, e desta vez, com um alerta vindo de dentro do próprio ecossistema de tecnologia.

A Anthropic, startup de inteligência artificial apoiada financeiramente pela Alphabet (controladora do Google), afirmou que as medidas propostas pelo Departamento de Justiça (DOJ) para aumentar a concorrência podem acabar prejudicando justamente o desenvolvimento de novas alternativas à hegemonia das Big Techs.

As informações, publicadas pelo New York Post, mostram que a empresa protocolou um documento no tribunal federal de Washington defendendo que uma das propostas, a exigência de que o Google notifique previamente o governo sobre novos investimentos e parcerias em IA, criaria um “desincentivo significativo” ao financiamento de startups menores.

A consequência direta, segundo a Anthropic, seria o encolhimento da concorrência no próprio setor de IA.

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“Sem esses aportes, a IA fica nas mãos dos gigantes”, diz a startup

A Anthropic foi clara: sem parcerias com empresas como o Google, o avanço da IA ficaria ainda mais concentrado nas mãos de grandes corporações, inclusive o próprio Google.

“Isso daria aos desenvolvedores e usuários finais menos alternativas”, diz a empresa, que recebeu um investimento bilionário da Alphabet nos últimos anos.

A fala chega num momento em que o Google já está sob intensa pressão nos tribunais.

O juiz Amit Mehta, responsável pelo caso, avalia uma série de medidas que visam reduzir o domínio da empresa nas buscas online, um processo que já gerou uma condenação histórica em agosto passado, como discutimos na análise sobre os impactos globais da decisão.

Separação do Chrome, fim de acordos com Apple e mais: as propostas na mesa

Entre as possíveis exigências do DOJ estão medidas pesadas: obrigar o Google a compartilhar dados de busca com concorrentes, vender o navegador Chrome e encerrar os pagamentos que mantêm o buscador como padrão em dispositivos Apple e de outras marcas.

Esses desdobramentos já vinham sendo desenhados desde o início do julgamento, como mostramos na cobertura sobre a proposta de separação entre o Chrome e os serviços de busca, um dos pontos mais delicados para o modelo de negócio do Google.

IA entra no jogo — e com força

Agora, a discussão se expande: não é mais só sobre buscas ou publicidade, como já abordamos na matéria sobre o julgamento envolvendo o monopólio da publicidade digital.

A preocupação do DOJ é que o poder consolidado do Google possa ser estendido para a IA e, ironicamente, a tentativa de conter isso pode acabar fechando as portas para startups que poderiam justamente oferecer alternativas reais.

A Anthropic recebeu o apoio de entidades como a TechNet e a Engine Advocacy, que também defendem que o estímulo à concorrência não pode vir às custas da inovação.

A lógica é clara: sem capital, não há como pequenas empresas desenvolverem soluções robustas o suficiente para competir.

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Concorrência x inovação: um dilema conhecido

No fim das contas, o impasse é velho conhecido de quem acompanha o setor de tecnologia.

Como limitar práticas abusivas sem travar o próprio dinamismo que caracteriza o mercado?

Para quem produz conteúdo, gere anúncios ou vive de entender como os algoritmos se movem, esse é mais um capítulo que merece atenção, e que mostra como a briga pelo futuro das buscas e da IA está só começando.