O erro mais comum em produtos de mídia: confundir ferramenta com estratégia
Em um mercado onde todos querem ser plataforma, poucos sabem como oferecer valor de verdade para a audiência.

Enquanto algumas redações e gerentes de produto correm atrás da ferramenta ou framework da vez, a audiência escapa pelos dedos. OKRs, IA, Design Thinking, SAFe, Scrum, Growth Hacking... a sopa de letrinhas continua crescendo, mas a pergunta que não quer calar é: você sabe, de fato, por que o seu produto digital existe?
Em um mercado onde todos querem ser plataforma, poucos sabem como oferecer valor de verdade para a audiência.
Se eu pudesse dar uma única dica para quem trabalha com produto dentro de veículos de mídia, seria esta: entenda os números que importam e como equilibrá-los com a personalidade editorial da sua marca.
Se você ainda não sabe a taxa de conversão do seu paywall, a taxa de engajamento da sua home ou o impacto da sua newsletter na receita publicitária, talvez seja hora de fechar o Miro e abrir o Analytics.
A ilusão de desenvolver muitas coisas ao mesmo tempo: apenas distração e vaidade
É fácil se perder na corrida por novas ferramentas e modelos. Mídia programática, vídeos curtos, inteligência artificial no CMS, automatização de conteúdo, personalização de jornada, conteúdo orientado a dados...
Cada semana surge uma nova “obrigação” para os times de produto editorial e tecnologia. Mas será que a essência está mesmo aí?
E para além de tudo isso, ainda temos a falsa ideia de achar que estar ocupado é sinal de produtividade, é sinal de entrega de valor ou de "melhorar" o produto.
Enquanto isso, muitos veículos seguem sem responder a perguntas fundamentais:
- Por que alguém deveria consumir conteúdo no seu portal e não no Instagram?
- Que tipo de valor você gera para sua audiência antes de "empurrar" um paywall?
- Como seu produto contribui para a receita e a estratégia de marca?
O gerente de produto de verdade entende o negócio editorial e seus números
Gerenciar um Roadmap é "fácil". Difícil é saber conectar a próxima melhoria tecnológica da sua homepage com o aumento da taxa de retorno dos leitores. Difícil é entender como uma pequena melhoria na jornada de assinatura pode ajudar a taxa de conversão.
Ou até como a segmentação do seu conteúdo pode ajudar o time comercial a montar uma nova esteira de vendas.
E se o seu produto for um portal de conteúdo com conteúdo exclusivo só para assinantes? Você tem acompanhado a taxa de adesão e de consumo desse conteúdo? Seria possível estruturar um time de CS para assinantes de conteúdo?
Mídia precisa parar de tratar produto como um acessório
Produto não é TI, nem operação. Produto é estratégia.
É o elo entre o conteúdo que você cria e a relevância que você quer manter no mercado. E se seu time de produto não fala com os produtores de conteúdo, com comercial, com marketing e com tecnologia — temos um problema.
O perigo real não está fora — está dentro
A verdadeira ameaça para os veículos de mídia não é a IA.
Não é o TikTok.
Não é a Meta cobrando para entregar post.
A ameaça real é achar que um novo framework vai salvar um produto mal posicionado, mal conectado com o negócio e sem proposta de valor clara para o público.
Quer inovação real? Então encare o desafio de transformar um produto editorial em alavanca de negócio — sem trair a missão de conteúdo da sua marca.
Isso sim é difícil.