Meta vai usar dados de usuários para treinar IA — mas promete opção de recusa
Empresa afirma que respeitará regras de privacidade e dará a usuários a chance de cancelar participação
A Meta anunciou que começará a treinar seus modelos de inteligência artificial com dados públicos de usuários da União Europeia (UE), extraídos de plataformas como Facebook e Instagram.
A iniciativa, que havia sido adiada anteriormente por pressão regulatória, será retomada ainda este ano.
As informações são do The Verge, que destaca que os dados usados incluirão postagens públicas, comentários e interações com a Meta AI, mas não conversas privadas entre amigos ou familiares.
O treinamento será restrito a usuários com mais de 18 anos.
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Usuários serão avisados e poderão optar por sair
Segundo a empresa, notificações serão enviadas por e-mail e nos próprios aplicativos ao longo da semana, com um link direto para um formulário de objeção, para que qualquer usuário que não deseje participar possa cancelar a inclusão de seus dados.
Privacidade sob pressão: a retomada após pausa
No ano passado, a Meta havia suspendido o uso de dados de usuários da UE para treinar IA após pedidos dos reguladores da Irlanda.
Na ocasião, a empresa se comprometeu a revisar suas práticas e aguardar orientações legais mais claras.
Agora, a Meta afirma que o uso dos dados europeus é essencial para construir modelos de IA mais precisos e culturalmente adequados — levando em conta dialetos, expressões regionais, humor local e até o uso de sarcasmo.
A aplicação é especialmente relevante para sistemas multimodais que geram textos, imagens, vídeos e áudios.
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Histórico de coleta ainda levanta dúvidas
A movimentação atual vem na esteira de uma decisão semelhante aplicada a usuários do Reino Unido, que, como os da UE, contam com uma legislação mais rígida em relação à proteção de dados online do que os norte-americanos.
Ainda assim, críticos apontam que essa nova coleta representa pouco diante do que a Meta já possui.
Em 2023, a própria empresa revelou que utilizou textos e imagens públicas de usuários adultos do Facebook desde 2007 para treinar suas ferramentas de inteligência artificial.
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Transparência em jogo
A discussão em torno da privacidade digital permanece acalorada.
Ainda que a Meta ofereça a opção de saída, especialistas questionam a clareza e o alcance da comunicação feita aos usuários, especialmente considerando o histórico da empresa com coleta de dados.
O link para objeção deve estar disponível na Política de Privacidade da Meta, onde mais detalhes sobre o uso dos dados podem ser consultados.