Meta investe bilhões em IA e tenta atrair talentos com bônus milionários
Corrida por profissionais de elite esbarra em ética, propósito e um setor cada vez mais seletivo

A Meta vem abrindo a carteira como nunca para competir com gigantes como Google, Microsoft e OpenAI na corrida pela inteligência artificial generativa.
O esforço recente inclui a compra de 49% da Scale AI por US$ 14,3 bilhões, a criação de um laboratório de superinteligência e pacotes de remuneração que chegam a centenas de milhões de dólares para profissionais de destaque. Ainda assim, nem todos estão dispostos a aceitar a proposta.
As informações são do The Verge, que detalha como a Meta tem intensificado a abordagem sobre engenheiros e pesquisadores de IA em diferentes empresas, com especial foco na OpenAI.
Pelo menos dez talentos de ponta já teriam sido contratados, com bônus agressivos e capital próprio incluído.
A estratégia reforça a guerra por talentos em IA que já vínhamos acompanhando na SEO Lab.
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Dinheiro na mesa, mas propósito em jogo
Apesar dos valores impressionantes, a Meta enfrenta resistência. Muitos profissionais da área afirmam que não basta pagar bem: é preciso oferecer alinhamento com valores pessoais, foco em segurança da IA e uma cultura organizacional saudável.
Segundo fontes ouvidas pelo The Verge, há quem rejeite propostas milionárias para manter equilíbrio entre vida pessoal e trabalho — e, principalmente, por não querer contribuir com projetos cujas prioridades são questionáveis.
Essa percepção não vem do nada. Nos últimos meses, a Meta tem passado por reestruturações que afetaram suas equipes internas, especialmente em áreas ligadas a conteúdo e mídia.
Como mostramos nesta análise, o clima interno não é dos mais estáveis.
O caso OpenAI
A OpenAI se tornou um alvo preferencial — e vulnerável. Após disputas internas envolvendo a demissão e recondução de Sam Altman em 2023, a empresa enfrenta dificuldades de retenção de talentos, segundo dados do relatório SignalFire.
Engenheiros da OpenAI estariam mais propensos a migrar para empresas como a Anthropic, o que enfraquece suas defesas contra a ofensiva da Meta.
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Para além do aspecto técnico, pesa também o contexto institucional. Empresas como a Anthropic apostam em uma narrativa fortemente orientada à segurança e ao impacto ético da IA.
Essa abordagem tem atraído profissionais que já estão, como dizem fontes do setor, em uma fase “pós-dinheiro”: o fator decisivo passa a ser o propósito.
Um projeto ambicioso, mas com obstáculos
O laboratório de superinteligência da Meta é comandado por Alexandr Wang, CEO da Scale AI, que assume a liderança mesmo sem um histórico robusto em pesquisa de IA.
A escolha, somada à saída de nomes importantes da divisão FAIR — como Joelle Pineau —, gerou dúvidas sobre a real prioridade da empresa: inovação científica ou aceleração comercial?
Zuckerberg, por sua vez, já deixou claro que vê a IA como prioridade máxima para 2025. A Meta quer liderar o segmento de IA pessoal e expandir sua atuação em diversas frentes.
Isso inclui desde o uso de IA para automatizar publicidade até 2026 até a aplicação de inteligência artificial na moderação de riscos no Instagram e no Facebook.
Um futuro em disputa
Com seu ecossistema altamente conectado, a Meta ainda é uma potência em termos de dados e escala. E, como destacamos em outra análise, segue faturando alto com públicos que parecem esquecidos pelo mercado.
Mas, na disputa por cérebros e pela confiança do setor, é preciso mais do que cheques generosos.
A construção de uma cultura de longo prazo — alinhada com os princípios que movem os líderes da nova era da IA — pode ser o verdadeiro diferencial.