Instagram admite: perdeu fôlego para o TikTok e teve que correr atrás
Em depoimento à Justiça dos EUA, CEO do Instagram revela como o sucesso do TikTok obrigou a Meta a reagir para não ficar para trás. Engajamento caiu, foco mudou e a corrida pela atenção digital se intensificou

A disputa entre Instagram e TikTok deixou de ser apenas uma guerra por vídeos curtos e se tornou uma batalha existencial.
Quem diz isso não é um analista externo, mas o próprio Adam Mosseri, CEO do Instagram.
Em depoimento à Justiça dos EUA, ele afirmou que a ascensão do TikTok foi um "choque de realidade" que expôs estagnações preocupantes na rede social da Meta.
Mosseri relatou que, em 2019, cerca de 23% da queda no tempo de uso do Instagram nos EUA foi atribuída diretamente ao TikTok.
A situação ficou tão crítica que, em março de 2020, ele enviou um memorando interno com um recado claro: ou o Instagram crescia, ou morreria lentamente.
As declarações foram dadas durante o julgamento movido pela Comissão Federal de Comércio (FTC) contra a Meta, em Washington.
A acusação alega que a empresa de Mark Zuckerberg tem mantido um monopólio ilegal sobre o mercado de redes sociais. As informações são da The Verge.
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TikTok forçou mudanças e acelerou a virada para IA
O depoimento escancarou o impacto da concorrência no direcionamento do Instagram.
Mosseri revelou que a plataforma só conseguiu reverter a queda de engajamento depois de turbinar o Reels com recomendações de conteúdo via inteligência artificial, exatamente como faz o TikTok.
Essa movimentação da Meta em adotar IA para disputar atenção já foi tema de análise aqui na SEO Lab, quando mostramos como o Google e as redes sociais têm reconfigurado seus algoritmos para competir com experiências baseadas em IA.
Apesar disso, Mosseri foi direto ao dizer que o TikTok continua sendo “a competição mais acirrada que já enfrentamos”.
Em sua avaliação, o TikTok deixou de ser apenas uma rede de entretenimento passivo e começou a copiar, também, elementos do Instagram, como o incentivo à conexão entre amigos.
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Instagram quer manter seu lado social vivo
Embora o foco em creators e conteúdos virais seja crescente, Mosseri insiste que as conexões entre amigos ainda são o coração do Instagram.
Ele afirmou que a plataforma não investirá em vídeos longos justamente porque isso dificultaria o compartilhamento entre pessoas próximas.
Para ele, essa ainda é uma das principais formas de diferenciar o Instagram de seus concorrentes.
Mas há contradições. O próprio Mosseri admitiu que, com o crescimento da base de usuários, a porcentagem do tempo gasto com conteúdo de amigos vem caindo. É um dilema: crescer sem perder a essência de rede social.
A Meta, por sua vez, tenta argumentar no processo que deixou de ser uma plataforma voltada para relações pessoais, mas o discurso de Mosseri ainda sustenta que a alma do Instagram não pode ser só entretenimento.
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A compra do Instagram ainda é alvo de disputa
No tribunal, Mosseri também se viu no papel de mediador entre visões diferentes: a de Mark Zuckerberg, que defende que o Facebook ajudou o Instagram a crescer, e a de Kevin Systrom, cofundador do Instagram, que acusa a Meta de cortar recursos da plataforma após a aquisição.
Mosseri, que era executivo do Facebook antes de assumir o Instagram em 2018, admitiu que viu os dois lados da moeda.
Discordou de algumas decisões da Meta, mas minimizou o impacto alegado por Systrom. Para ele, a integração trouxe benefícios mútuos e, no fim das contas, a aquisição foi "uma das melhores de todos os tempos".
Seja como for, o que fica claro no depoimento é que a concorrência com o TikTok forçou o Instagram a sair da zona de conforto.
E isso tem implicações diretas para criadores de conteúdo, anunciantes e qualquer um que trabalhe com marketing digital.
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