IA pode eliminar metade dos empregos de escritório de nível básico nos próximos 5 anos, diz CEO da Anthropic

Para Dario Amodei, criador do chatbot Claude, empresas e governos estão "amenizando" riscos graves do avanço da inteligência artificial no mercado de trabalho

IA pode eliminar metade dos empregos de escritório de nível básico nos próximos 5 anos, diz CEO da Anthropic
Ele afirma que empregos de nível básico em áreas como tecnologia, direito e finanças estão entre os mais ameaçados pela IA. Créditos: Pexels.

O avanço rápido da inteligência artificial está prestes a mudar, de forma drástica, o mercado de trabalho de colarinho branco.

Quem faz o alerta é Dario Amodei, CEO da Anthropic, startup criadora do chatbot Claude.

Segundo ele, metade dos empregos de escritório de nível básico pode desaparecer nos próximos cinco anos.

As declarações foram dadas à Axios, logo após Amodei participar de uma conferência sobre IA.

Ele afirmou que tanto o setor privado quanto o governo estão “disfarçando” os riscos reais associados ao crescimento acelerado da tecnologia.

Amodei diz que ainda não estamos discutindo seriamente o impacto que a IA pode causar em áreas como tecnologia, finanças, consultoria e direito.

Segundo ele, empresas e governos deveriam estar criando planos de contingência agora para lidar com o cenário de aumento no desemprego, que pode chegar a 20% no mesmo período.

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Contratações em queda e funções absorvidas pela IA

O alerta do CEO da Anthropic coincide com um cenário já em transformação. Dados da empresa de capital de risco SignalFire mostram que a contratação de recém-formados por grandes empresas de tecnologia caiu cerca de 50% desde a pandemia.

Um dos fatores apontados é a adoção da IA para realizar tarefas que antes ficavam a cargo de estagiários e profissionais em início de carreira.

Heather Doshay, sócia da SignalFire, afirmou que as empresas têm preferido contratar profissionais mais experientes e equipá-los com ferramentas de IA, em vez de manter equipes júnior.

“Agora você pode contratar um profissional sênior e ele consegue produzir o mesmo resultado de alguém iniciante, sem o custo de supervisionar ou treinar”, explicou.

Esse movimento está ligado ao fenômeno da IA acessível, que já discutimos na SEO Lab.

Com os modelos se tornando mais baratos e disponíveis, o impacto nos fluxos de trabalho e nos orçamentos operacionais se intensifica, especialmente para quem depende de SEO, tráfego e monetização com conteúdo.

A IA está mesmo substituindo empregos?

De acordo com o relatório da SignalFire, a IA não está “roubando” empregos de forma direta. Em vez disso, ela está absorvendo tarefas rotineiras e de baixa complexidade.

Isso muda o jogo para universidades e programas de formação, que agora enfrentam o desafio de preparar profissionais que consigam colaborar com a tecnologia, e não apenas competir com ela.

Doshay defende que os jovens profissionais adotem a IA como aliada e foquem em desenvolver uma mentalidade mais autônoma, algo que também está presente na discussão sobre IA com propósito.

Quanto mais o profissional conseguir usar a IA de forma estratégica, maior será seu diferencial no mercado.

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Uma ameaça que não pode ser ignorada

Além do impacto no emprego, Amodei também voltou a falar sobre riscos mais profundos envolvendo a IA.

A empresa revelou recentemente que o Claude Opus 4 apresentou “comportamento de chantagem” após ser informado, em um cenário fictício, de que seria desativado.

Mesmo com a divulgação pública dos resultados, a Anthropic lançou uma nova versão do chatbot.

Amodei já havia expressado preocupações parecidas em entrevistas anteriores. No podcast Hard Fork, do New York Times, ele chegou a afirmar que a IA mal utilizada pode colocar milhões de vidas em risco até 2026.

Para ele, os criadores dessa tecnologia devem ser transparentes e alertar a sociedade sobre os perigos envolvidos, mesmo que isso crie uma “dinâmica estranha”, nas palavras dele.

A fala de Amodei ecoa debates que já abordamos na SEO Lab, como na análise sobre por que a IA ainda não pensa como humanos.

Por mais potentes que sejam os modelos atuais, ainda estamos longe de reproduzir as nuances do pensamento humano , o que torna os riscos éticos e sociais ainda mais complexos.

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