IA ainda não pensa como humanos e isso afeta seu conteúdo, diz especialista da Meta

Yann LeCun, diz que os modelos de IA atuais carecem de 4 características humanas essenciais

IA ainda não pensa como humanos e isso afeta seu conteúdo, diz especialista da Meta
Modelos atuais de IA ainda estão longe de alcançar habilidades humanas como raciocínio, memória e planejamento. Créditos: Pexels.

Você já deve ter notado que aqui no SEO Lab temos discutido bastante os limites da inteligência artificial, principalmente quando o assunto é produção de conteúdo com propósito.

Agora, um dos maiores especialistas do mundo no assunto, Yann LeCun, cientista-chefe de IA da Meta, reforça essa mesma ideia.

Segundo informações do Business Insider, ele crava que os modelos de IA atuais ainda estão longe de pensar como seres humanos, e isso pode impactar diretamente quem trabalha com marketing digital e SEO.

Segundo LeCun, os sistemas generativos modernos, como os que alimentam os principais chatbots e ferramentas de IA atuais, não possuem quatro traços essenciais da cognição humana: senso comum, raciocínio, planejamento e memória de longo prazo.

A fala vem num momento em que o hype da IA generativa é alto, mas os resultados práticos, especialmente em estratégias mais refinadas de conteúdo, muitas vezes ficam aquém das promessas.

O alerta de LeCun foi reforçado no AI Action Summit, realizado em Paris no início deste ano, onde líderes políticos e especialistas em IA discutiram os rumos do setor.

Em conversa com Anthony Annunziata, líder de IA da IBM, LeCun cravou:

“Compreender o mundo físico, ter memória persistente, ser capaz de raciocinar e planejar ações complexas, especialmente de forma hierárquica , são traços que definem inteligência”.

Para ele, nenhuma IA atual atinge esse patamar. O que as big techs vêm fazendo, segundo LeCun, é apenas tentar contornar esse limite com truques, como adicionar mecanismos de memória artificial, visão computacional ou uso de fontes externas via RAG (geração aumentada de recuperação).

Ainda assim, afirma, isso não resolve o problema central. “O mundo evolui segundo possibilidades infinitas. A única forma de treinar para isso é por meio da abstração.”

É por isso que ele defende o uso de modelos baseados em mundo, treinados com dados do mundo real e capazes de fazer previsões mais complexas, com base na cognição e na experiência.

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Atualizações de algoritmo e a exigência por experiência real

Esse alerta de LeCun conversa diretamente com o que o Google vem reforçando nas atualizações recentes dos seus algoritmos.

O foco agora está na valorização de conteúdo produzido com base em experiência real, originalidade e autoridade de nicho. A tendência é clara: quem entrega conteúdo genérico ou automatizado demais perde espaço.

Foi exatamente isso que mostramos quando analisamos as dicas do Google sobre visibilidade na era da IA.

O próprio Google recomendou que os criadores deixem de priorizar apenas cliques e passem a demonstrar envolvimento real com os temas abordados, algo que modelos de IA ainda não são capazes de fazer com consistência.

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Canibalização de tráfego por IA e a dificuldade de competir com resumos automáticos

LeCun também critica os modelos atuais por serem, no fundo, apenas bons “sintetizadores estatísticos de texto”, sem realmente entenderem o que produzem.

Essa limitação ajuda a explicar um problema que muita gente do marketing tem enfrentado: a perda de tráfego orgânico para resumos automáticos, como os que aparecem nos resultados do Google com IA generativa.

Esse cenário já foi detalhado por aqui, quando abordamos como os resumos automáticos do Google vêm canibalizando tráfego de sites legítimos. Mesmo veículos que produzem conteúdo original e confiável acabam perdendo cliques para respostas simplificadas que nem sempre têm contexto ou profundidade.

Análise da experiência humana como diferencial na era da IA

A fala de LeCun reforça uma ideia que precisa ser levada a sério por quem trabalha com conteúdo digital. A IA apenas reproduz padrões.

Ela não cria com base em vivência, não interpreta nuances sociais nem entende as consequências do que está gerando.

Para os profissionais de SEO, marketing e conteúdo, isso significa que não dá mais para confiar cegamente nos prompts e esperar qualidade.

Esse debate se conecta com o que abordamos recentemente sobre propósito em estratégias digitais.

No artigo sobre IA com foco no cliente, mostramos que as empresas que mantêm o olhar no ser humano e não apenas na automação são as que vão sobreviver no longo prazo. LeCun, sem dizer com essas palavras, está fazendo o mesmo alerta.

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Conclusão

O recado de Yann LeCun é direto e incômodo para quem ainda acredita que a IA vai substituir profissionais com pensamento crítico.

Sem senso comum, sem raciocínio e sem compreensão de contexto, os modelos generativos atuais podem ser úteis como ferramentas, mas ainda estão longe de pensar como nós.

E, na prática, é essa distância que separa conteúdo performático de conteúdo descartável.