Google nega queda no uso da Busca com avanço da IA

Gigante contesta perda de relevância após queda nas ações e fala de executivo da Apple, enquanto o mercado observa mudanças no comportamento dos usuários e no impacto das IA

Google nega queda no uso da Busca com avanço da IA
Google afirma que o volume de buscas segue em alta, mesmo com críticas sobre a utilidade da busca tradicional diante da popularização dos chatbots. Créditos: Pexels.

O Google fez algo que raramente faz: publicou uma resposta direta à imprensa.

Motivo? O aumento nos rumores de que o uso de mecanismos de busca está caindo, puxado pelo avanço de ferramentas de IA generativa e pelo próprio depoimento de um executivo da Apple, que sugeriu uma mudança no comportamento dos usuários do Safari.

A declaração de Eddy Cue, vice-presidente sênior da Apple, ocorreu durante o julgamento antitruste que o governo dos EUA move contra o Google.

Ele afirmou que o uso da busca pelo Safari caiu pela primeira vez, e que isso refletiria uma mudança mais ampla de paradigma.

O impacto imediato foi sentido no mercado: as ações da Alphabet despencaram 7,5% no dia seguinte.

Essa movimentação acontece logo após uma matéria da SEO Lab mostrar que o Discover do Google também perdeu força com editores brasileiros, que relatam queda de visibilidade e engajamento no tráfego orgânico.

É mais um sinal de que algo mudou — e rápido.

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O Vale do Silício já virou a chave?

Chatbots como primeira opção

A percepção de que o Google está ficando para trás também tem ecoado no setor de tecnologia.

No podcast da Y Combinator, um dos apresentadores afirmou que o tráfego da busca do Google caiu 15%, segundo estimativas não confirmadas, e que a ferramenta já parece ultrapassada para quem convive com IA no dia a dia.

O discurso é direto: quem busca respostas já parte para o ChatGPT, Perplexity e outras ferramentas conversacionais.

O Google virou um repositório de navegação, quase como uma agenda de sites.

"Parece que estou usando o eBay", brincou o apresentador, sobre a sensação de desatualização da interface de busca.

E essa impressão tem ganhado base em dados. A SEO Lab já mostrou que as Visões Gerais de IA implementadas pelo Google até aumentaram o número de acessos à página de resultados, mas reduziram drasticamente o engajamento dos usuários.

O que o Google diz?

Busca cresce, inclusive em dispositivos da Apple

A resposta do Google foi enxuta, mas direta.

A empresa garantiu que as buscas estão crescendo, inclusive vindas de plataformas da Apple, e destacou que a busca tem sido usada de maneiras novas, por voz, imagem e no app do Google.

“Continuamos observando um crescimento geral nas consultas na Busca. Isso inclui um aumento no total de consultas provenientes de dispositivos e plataformas da Apple.”

Eles reforçam que o Google está mais útil e relevante graças a esses novos recursos e prometem mais novidades no evento Google I/O.

Apesar disso, uma análise recente também publicada pela SEO Lab mostrou que as Visões Gerais de IA podem estar derrubando os cliques em sites em até 34,5%.

Ou seja: o crescimento das buscas pode coexistir com a queda de tráfego orgânico — principalmente para quem depende dele para monetização e visibilidade.

Mais buscas, menos cliques?

A aparente contradição entre o crescimento nas consultas e a queda no tráfego para sites de conteúdo é o verdadeiro nó da discussão.

E ele interessa, em especial, a quem trabalha com produção de conteúdo, SEO e marketing digital.

É claro que a revolução trazida pela IA ainda está em curso. Mas os dados, as análises e as falas do próprio setor já indicam que o impacto nos modelos tradicionais de distribuição de informação está longe de ser pequeno.

A SEO Lab tem acompanhado essas mudanças de perto — desde a reconfiguração das intenções de busca até o novo comportamento de usuários que interagem com resultados enriquecidos por IA.

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