Google exibe diferentes fontes no Modo IA, dependendo do dispositivo e navegador
Testes revelam que o conteúdo sugerido pela IA generativa do Google varia entre plataformas e até entre atualizações da mesma consulta

A IA generativa do Google, em fase experimental no Search Generative Experience (SGE), está mostrando que nem sempre é tão consistente quanto parece.
Testes recentes indicam que uma mesma consulta pode exibir fontes citadas diferentes dependendo de onde e como é realizada — seja no aplicativo do Google, no navegador Chrome ou até mesmo entre sessões diferentes do mesmo navegador.
Quem trouxe à tona essa observação foi Jes Scholz, que compartilhou exemplos no X (antigo Twitter).
Segundo ela, a escolha da superfície de busca — se no app mobile ou no navegador — afeta diretamente as fontes destacadas pelo Modo IA.
"Você sabia que o Google tem dois Modos de IA? Um no Chrome e outro no app do Google", escreveu. "A superfície que o usuário seleciona afeta drasticamente quais fontes são citadas."
Did you know Google actually has two Google AI Modes?
— Jes Scholz (@jes_scholz) July 7, 2025
One in Chrome and another in the Google App. The surface a user selects drastically affects which sources get cited.
Check out this travel example.
When optimising for AI visibility, check both faces of Google. pic.twitter.com/20oWRO6rfe
Essa constatação acendeu o alerta para profissionais que buscam melhorar sua visibilidade nas respostas geradas por IA.
Se o Google adota critérios diferentes conforme a interface de acesso, otimizar apenas para uma experiência pode deixar oportunidades importantes de lado.
As informações são do site especializado Search Engine Roundtable, que acompanha de perto os desdobramentos do SGE e outras mudanças na pesquisa do Google.
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Testes mostram comportamento inconsistente
A variação nas fontes citadas foi confirmada não só entre dispositivos, mas também em situações mais sutis.
Por exemplo, ao repetir a mesma busca no Safari e no Chrome em um desktop, os resultados apontaram um número diferente de fontes. No exemplo compartilhado por Scholz, o Safari exibiu 13 fontes, enquanto outra interface mostrou um conjunto distinto.

Além disso, há registros de mudanças nas fontes apenas ao atualizar a consulta, mesmo sem trocar de navegador ou dispositivo.
Esse padrão reforça um achado que já foi discutido na SEO Lab: o fato de que o Modo IA do Google pode trocar URLs em até 91% das buscas repetidas, segundo um estudo que analisou esse comportamento.
Essas alterações levantam questões importantes sobre confiabilidade, estabilidade e previsibilidade — pontos críticos para quem depende da visibilidade orgânica no ecossistema do Google.
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O que isso muda para SEO e marketing de conteúdo?
Se antes o desafio era entender os critérios do algoritmo tradicional do Google, agora o jogo inclui a lógica de curadoria de uma IA que muda suas escolhas conforme o contexto da busca.
Para profissionais de SEO, isso significa monitorar as respostas geradas em múltiplos dispositivos e navegadores, além de avaliar como seu conteúdo aparece (ou não) nesses ambientes.
Essa nova lógica traz implicações diretas para publishers e veículos de mídia. Como já apontamos na SEO Lab, o Modo IA pode representar uma ameaça concreta ao tráfego dos sites de jornalismo, ao centralizar as respostas em resumos e reduzir a necessidade de cliques.
Um sistema em constante expansão e mudança
É importante lembrar que o Modo IA continua em fase de testes, mas sua presença já se expandiu de forma significativa.
O Google, inclusive, passou a permitir consultas mais complexas baseadas em imagens, por meio do Google Lens.
Isso indica uma tendência clara: quanto mais contexto a IA recebe, mais autônoma se torna na geração de respostas — o que reforça a importância de otimizar o conteúdo para diferentes formatos e experiências.
Monitoramento, ajustes e múltiplas janelas de análise
A recomendação de especialistas é clara: não basta testar uma única versão da SERP gerada por IA.
Ao invés disso, é preciso observar diferentes combinações de dispositivos, navegadores e até mesmo horários ou geolocalizações.
A instabilidade e mutabilidade do sistema indicam que a visibilidade pode ser volátil, especialmente para produtores de conteúdo e publishers.
Isso também exige uma abordagem mais estratégica e de longo prazo. Em uma declaração recente, John Mueller, do Google, reforçou que as atualizações do buscador se baseiam em dados de longo prazo, não em ações pontuais ou links recentes.
Para quem atua com SEO, essa visão ajuda a entender que a construção de autoridade e relevância deve ser contínua — inclusive no cenário incerto que envolve o Modo IA.