Google endurece regras e mira sites com conteúdo e autoridade falsos
Atualização das diretrizes para avaliadores dá novo peso ao EEAT e reforça combate a práticas enganosas na web

O Google acaba de atualizar suas Diretrizes para Avaliadores de Qualidade de Pesquisa, o famoso QRG (Quality Rater Guidelines), e o recado é direto: a plataforma está intensificando a vigilância contra conteúdos e estruturas de sites que simulam confiabilidade, mas que, no fundo, são enganosos.
A mudança mais robusta está na seção 4.5.3, que ganhou um novo título e um texto ampliado.
O objetivo é tornar mais claro para os avaliadores como identificar páginas com intenções manipulativas, tanto no conteúdo quanto no design.
A reformulação não cria uma nova política em si, mas detalha e expande o que já era considerado prática nociva, agora com exemplos bem mais específicos.
As informações são da Search Engine Journal, que analisou as alterações feitas na diretriz divulgada em janeiro de 2025.
O que mudou na seção 4.5.3?
A antiga seção intitulada “Propósito de página enganoso e design de MC enganoso” agora se chama “Finalidade enganosa da página, informações enganosas sobre o site, design enganoso”.
A mudança no título já antecipa a ampliação do escopo.
Mais do que reforçar o combate à desinformação, o Google passou a mirar diretamente no que define como “propósito enganoso”.
Não basta evitar dados incorretos, agora o foco é também na motivação por trás de uma página.
Exemplo? Sites que se passam por blogs de celebridade para recomendar produtos com promessas inventadas.
Ou aqueles que alegam ter feito testes independentes, sem nunca terem feito teste nenhum. Tudo isso entra no radar como prática enganosa.
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EEAT falso agora é alvo específico
Pela primeira vez, o QRG traz uma seção voltada exclusivamente ao conteúdo falso de EEAT, sigla para Expertise, Experience, Authoritativeness, and Trustworthiness (Especialização, Experiência, Autoridade e Confiabilidade).
A diretriz alerta contra páginas que fabricam credibilidade. Isso inclui:
- Negócios online que fingem ter loja física, usando fotos falsas e endereços inventados;
- Perfis de autores fictícios, com imagens geradas por IA ou bios que inventam experiência e formação;
- Alegações falsas sobre a experiência do criador, como alguém afirmando ser médico sem nunca ter atuado na área.
Esse movimento reforça algo que já discutimos aqui na SEO Lab: autenticidade, esforço e intenção editorial são os pilares que sustentam um conteúdo de qualidade aos olhos do Google.
EEAT não é um plug-in que se instala no site. É uma percepção construída, que envolve tudo: quem assina, como escreve, o que compartilha e até como interage com os leitores.
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Design enganoso entra na mira
Outro ponto que recebeu reforço na nova diretriz é o combate a elementos de interface feitos para manipular a ação do usuário.
O texto passa a listar práticas como:
- Botões que parecem fechar pop-ups, mas na verdade iniciam um download ou redirecionam para outro site;
- Títulos chamativos que não entregam o conteúdo prometido, frustrando quem clica.
A intenção aqui é penalizar não só o conteúdo em si, mas também a forma como ele é apresentado.
A experiência do usuário é uma prioridade, e tentar burlar isso com truques visuais agora entra claramente como violação.
Google está de olho em conteúdo manipulado por IA
Esse novo rigor do Google também conversa com outra discussão que vem ganhando espaço: a penalização de conteúdos gerados por inteligência artificial sem supervisão humana ou transparência.
Como explicamos em outra análise da SEO Lab, a empresa vem treinando seus algoritmos e seus avaliadores para detectar conteúdo raso, automatizado ou com sinais de manipulação.
Os perfis de autores falsos alimentam exatamente esse tipo de risco. E agora estão nomeados e destacados nas diretrizes.
Em resumo: a régua subiu
A atualização de janeiro de 2025 não é só mais uma revisão de linguagem. Ela amplia a noção de qualidade exigida para páginas que desejam performar bem na busca do Google.
As três principais mudanças são:
- Expansão da definição de propósito enganoso: Agora o foco não está só no conteúdo falso, mas na intenção manipulativa.
- EEAT falso como fator de baixa qualidade: Criar uma fachada de autoridade, mesmo com IA, agora é um alvo específico.
- Penalização de interfaces enganosas: Design que tenta enganar o clique passa a ser um sinal claro de má-fé.
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