Google afirma que IA não muda a receita dos anúncios de busca, por enquanto
Sundar Pichai diz que anúncios exibidos junto às Visões Gerais de IA têm desempenho semelhante aos tradicionais. O desafio agora é escalar esse modelo

Os testes do Google com Visões Gerais de IA nos resultados de busca, chamadas de AI Overviews, têm despertado a atenção de quem trabalha com conteúdo, SEO e publicidade digital.
A grande pergunta é: isso muda a forma como o Google ganha dinheiro com anúncios?
Segundo o próprio CEO da empresa, Sundar Pichai, por enquanto, não. Em entrevista ao The All-In Podcast, ele afirmou que os anúncios exibidos em páginas com visões gerais de IA estão performando no mesmo nível dos anúncios tradicionais, em termos de receita por consulta.
A declaração, dada durante conversa com o investidor David Friedberg, indica que o uso de IA ainda não representa uma virada na economia do Google. Pode ser apenas uma questão de tempo.
As informações foram publicadas originalmente pela Search Engine Journal, que acompanha de perto os desdobramentos da integração entre IA e mecanismos de busca.
Receita por consulta está estável com IA
A pergunta de Friedberg era direta: como a IA está impactando o custo e a receita por consulta de pesquisa?
Embora tenha começado respondendo sobre custos, que aumentaram com o uso de IA generativa, Pichai esclareceu que, no lado da receita, a empresa atingiu o que chamou de "linha de base".
Ou seja, as páginas com visões gerais de IA estão entregando o mesmo retorno dos modelos anteriores.
“Já estamos com as visões gerais de IA no ar e elas estão no nível básico, igual ao das buscas sem IA. E, a partir daí, podemos melhorar”, disse Pichai.
Essa fala ecoa o que já havia sido mencionado na última conferência de resultados da empresa, quando o CBO do Google, Philipp Schindler, revelou que os testes com anúncios dentro dos AI Overviews em dispositivos móveis nos EUA estão apresentando taxas de monetização semelhantes às páginas sem IA.
Leia também: Visões Gerais de IA aumentam acessos ao Google, mas reduzem engajamento dos usuários
Crescimento é questão de tempo, diz Google
Apesar do alto custo computacional envolvido, a big tech parece confiante na transição para um modelo mais orientado por IA, inclusive no que diz respeito à publicidade.
Segundo Pichai, a intenção de busca dos usuários continua sendo um fator comercial valioso, independentemente de como a informação é apresentada.
Para ele, a IA pode inclusive melhorar a entrega de anúncios, desde que respeite essa lógica de relevância.
“Não vejo razão para que a IA não possa fazer um trabalho ainda melhor. Estamos confortáveis com a transição, mesmo que leve tempo”, disse o CEO.
Ainda não vemos muitos anúncios “dentro” da IA
Vale lembrar que, por ora, a maioria dos anúncios ainda aparece fora das respostas geradas por IA, geralmente no topo, lateral ou abaixo dos AI Overviews.
Anúncios inseridos diretamente dentro das visões ainda são raros, embora tenham começado a ser testados nos EUA, como o próprio Schindler mencionou.
Essa etapa inicial está servindo mais como experimento do que como mudança definitiva.
O que está em jogo, afinal, é o modelo de negócios que sustenta a maior parte da internet.
Leia também: Google lança novo guia de práticas para melhorar a qualidade dos anúncios no Google Ads
Entre aumento de acessos e queda de cliques
A declaração de Pichai acontece em um momento em que os impactos dos AI Overviews ainda estão sendo medidos.
Como mostramos nesta análise da SEO Lab, as visões gerais aumentaram os acessos ao Google, mas reduziram o engajamento dos usuários com os resultados tradicionais.
Um outro estudo, publicado aqui na SEO Lab, aponta que os cliques em resultados orgânicos caíram até 34,5% com a entrada das respostas geradas por IA.
Ou seja, mesmo com receita por consulta estável, o modelo pode estar redistribuindo — ou drenando — a atenção que antes era dos sites.
O Google, por sua vez, tem defendido o contrário. Em outro posicionamento recente, a empresa afirmou que as visões gerais estão elevando a qualidade dos cliques e nega que o uso da busca esteja diminuindo, mesmo com a popularização dos chatbots.
Próximos passos: confiança e escalabilidade
Com o Google tentando manter a rentabilidade ao mesmo tempo em que adapta sua interface para o uso de IA generativa, o desafio agora é de escala.
A empresa precisa mostrar que consegue manter ou aumentar a receita em larga escala, mesmo com modelos mais caros e complexos de entrega de conteúdo e publicidade. A entrevista de Pichai é mais um capítulo nessa transição.