China trava negociações sobre TikTok após nova ofensiva tarifária de Trump
Futuro do app nos EUA segue incerto; Pequim recua de acordo iminente após anúncio de tarifas globais por Trump, e ByteDance volta à estaca zero nas negociações

As negociações para manter o TikTok funcionando nos Estados Unidos sofreram um revés inesperado na última sexta (4), quando o governo chinês decidiu frear um acordo que vinha sendo costurado há meses.
A reversão ocorre após o ex-presidente Donald Trump anunciar novas tarifas amplas contra países ao redor do mundo — incluindo a China.
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A Casa Branca havia avançado em um plano que permitiria que investidores americanos assumissem o controle da operação do TikTok nos EUA, com a ByteDance mantendo apenas uma participação minoritária.
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O objetivo era atender às exigências do Congresso e evitar a retirada do app do país.
A data-limite para a transação era 19 de janeiro, mas Trump assinou uma ordem executiva concedendo mais 75 dias para finalizar o acordo.
China breca, Trump adia
De acordo informações da AP News, após o anúncio das tarifas, representantes da ByteDance comunicaram à Casa Branca que a China não aprovaria mais o acordo sem que fossem iniciadas negociações paralelas sobre comércio e tarifas.
Apesar do clima de incerteza, Trump disse acreditar que ainda há espaço para um desfecho positivo:
“Minha Administração tem trabalhado muito duro em um acordo para SALVAR o TikTok, e fizemos um progresso tremendo”, escreveu Trump na sua rede social.
“O acordo requer mais trabalho para garantir todas as aprovações necessárias, por isso estou assinando uma ordem executiva para manter o TikTok funcionando por mais 75 dias.”
A ByteDance, em nota oficial, confirmou que está discutindo uma “solução potencial” com o governo dos EUA, mas que nenhum acordo foi formalizado até o momento.
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Dados, algoritmos e a eterna crise de confiança
Mesmo que o acordo avance, especialistas alertam que as preocupações com segurança nacional persistem, especialmente se o algoritmo e os dados dos usuários continuarem sob controle da ByteDance.
“Se o algoritmo ainda for controlado por uma empresa de um Estado considerado adversário, o risco permanece o mesmo”, afirmou Chris Pierson, CEO da empresa de cibersegurança BlackCloak.
Segundo a legislação vigente, a proibição do TikTok poderia ser adiada por até 90 dias, mas apenas com a existência de um acordo em andamento e notificação formal ao Congresso.
Para alguns juristas, o ato de Trump de estender o prazo fere a legalidade do processo, já que configura uma simples “declaração de não execução” da lei.
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Apoio à proibição está em queda
Enquanto os bastidores políticos se agitam, a opinião pública americana está mais dividida.
Uma pesquisa do Pew Research Center revelou que o apoio à proibição do TikTok caiu de 50% em março de 2023 para cerca de 33% este ano.
Um terço dos entrevistados se opõe à proibição, e outro terço afirma estar indeciso.
Criadores de conteúdo também vivem a instabilidade de forma direta.
Terrell Wade, influenciador com 1,5 milhão de seguidores no TikTok, conta que vem expandindo sua presença em outras plataformas desde janeiro:
“Cada novo prazo parece menos uma ameaça real e mais um ruído de fundo”, disse. “Só espero que tenhamos mais clareza em breve, para que criadores e usuários possam se concentrar em outras coisas além do ‘e se’.”