Anunciantes rebatem Musk e dizem que X afundou sozinha
Empresas e grupos publicitários rebatem acusações da plataforma e dizem que decisões foram individuais, não parte de conspiração

O embate entre Elon Musk e grandes marcas mundiais ganhou mais um capítulo. Em uma tentativa de reverter a queda brutal de receitas da X, Musk resolveu acionar na Justiça empresas como Mars, Lego, Nestlé e Shell, acusando-as de conspirar para um boicote coletivo contra a plataforma.
A alegação central do processo é que essas marcas, ao participarem da iniciativa Global Alliance for Responsible Media (GARM), estariam retendo intencionalmente bilhões de dólares em publicidade.
Mas a resposta dos anunciantes foi direta: não houve boicote e, se houve debandada, a culpa foi da própria gestão da X.
Segundo os documentos apresentados pelas empresas à Justiça dos Estados Unidos, a X tenta usar o tribunal como “atalho para recuperar um negócio que perdeu por conta própria, ao desmantelar suas estruturas de segurança e alienar seus principais clientes”. A reportagem original é da Business Insider.
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GARM, decisões individuais e liberdade de escolha
Criada em 2019 como uma iniciativa da Federação Mundial de Anunciantes (WFA), a GARM tinha como objetivo estabelecer padrões mínimos de segurança para marcas que anunciam online.
A adesão era voluntária, e a própria X já foi membro do grupo antes de abandonar o projeto.
Os anunciantes reforçaram que não houve qualquer movimento coordenado ou imposição por parte da GARM para abandonar a X.
Segundo a defesa apresentada à Justiça, cada empresa tomou sua decisão individualmente, com base nos riscos percebidos após a mudança de comando da plataforma.
Vale lembrar que, desde a aquisição por Musk, a X flexibilizou regras de moderação de conteúdo, demitiu equipes responsáveis por segurança e reabilitou contas anteriormente banidas, o que acendeu alertas em setores que zelam pela integridade das marcas que representam.
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A debandada tem nome: gestão
Para os anunciantes, não se trata de uma perseguição ou boicote político, mas de lógica de mercado.
Os dados citados pela própria X indicam que apenas 18 das mais de 100 empresas da GARM pararam de anunciar na plataforma.
Ainda assim, a receita publicitária da empresa despencou. As decisões comerciais, dizem os réus, estão amparadas na liberdade de escolha e, nos EUA, protegidas pela Primeira Emenda.
No processo, também se observa que a maioria das empresas acusadas tem sede fora dos Estados Unidos, o que levanta dúvidas sobre a jurisdição legal do caso, que tramita no Texas.
Enquanto isso, outras empresas citadas inicialmente no processo já resolveram suas pendências com a X.
Foi o caso da Unilever, que saiu do processo após acordo, e da Twitch, que teve as acusações retiradas neste mês sem explicação formal.
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Uma guerra maior: Musk, o mercado e seus rivais
Essa disputa jurídica se soma a uma série de movimentos recentes de Musk para tentar reposicionar a X e outras empresas do seu ecossistema no cenário global.
É o caso do lançamento da API do Grok 3, a IA sem filtros da xAI, que chegou ao mercado com promessas ambiciosas e preços bem acima da média, um tema que já discutimos na SEO Lab.
Além disso, Musk também esteve no centro das discussões após tentar comprar o ChatGPT, segundo revelou a Business Insider, outra história de bastidores e disputas de poder que você pode conferir aqui.
E, como se não bastasse, a competição com outros gigantes também está esquentando fora das redes sociais.
A Amazon, por exemplo, vem investindo pesado no lançamento de satélites e acirrando a disputa com a Starlink de Musk, o que pode trazer impactos para a distribuição de conteúdo digital e publicidade, como analisamos nesta reportagem.