A gentileza no prompt: por que tratar bem o ChatGPT faz diferença

Ser educado com a IA pode custar caro para as empresas, mas melhora a qualidade das respostas e influencia a forma como a sociedade se comunica

A gentileza no prompt: por que tratar bem o ChatGPT faz diferença
Ser educado com a inteligência artificial pode melhorar a qualidade das respostas e moldar, pouco a pouco, a forma como nos comunicamos no mundo real. Créditos: Pexels.

A entrevista recente de Sam Altman, CEO da OpenAI, acendeu um debate que vai além da tecnologia. Ele revelou que interações mais educadas com o ChatGPT, como o uso de “por favor” e “obrigado”, custam milhões de dólares à empresa em processamento. O SEO Lab noticiou esse impacto com o título: "Por favor" e "obrigado" custam caro: gentileza com IA tem impacto real no bolso da OpenAI.

Logo surgiram defensores da ideia de que devemos ser mais objetivos, frios, diretos com a IA. Afinal, se custa caro, pra quê florear?

Mas a história não é tão simples assim.

Influenciados pelo estrategista de conteúdo Pedro Valadares, que fez um post recente no LinkedIn, listando cinco argumentos que mostram por que manter uma linguagem educada com a IA ainda é relevante, separamos alguns argumentos que corroboram com essa ideia da educação com o chatbot.

Esses pontos são importantes principalmente para quem usa o ChatGPT como ferramenta diária de criação de conteúdo, ideias para anúncios ou rascunhos de estratégias de marketing.

Educação gera qualidade

Estudos da Waseda University (Japão) e do Google DeepMind indicam que prompts educados geram respostas mais completas e confiáveis.

A pesquisa reforça que o tom do pedido tem impacto direto no desempenho da IA.

Esses achados batem com dados publicados pela revista Exame. Um artigo com pesquisadores da Microsoft, da Universidade Normal de Beijing e da Academia Chinesa de Ciências mostrou que modelos como o ChatGPT respondem melhor quando tratados de forma mais humana e emocional.

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Isso vale até quando o prompt comunica importância ou urgência, como “isso é crucial pra minha tese” ou “preciso acertar isso pra minha carreira”.

Bons modos acessam boas fontes

Valadares aponta que a forma como falamos pode influenciar os dados priorizados na resposta.

Interação com IAs como o ChatGPT reflete nosso próprio comportamento: quanto mais humano o pedido, mais refinada e útil tende a ser a resposta. Créditos: Pexels.

Um pedido ríspido ou autoritário tende a puxar fontes menos confiáveis, como fóruns e redes sociais.

Já um prompt mais cuidadoso e gentil aciona informações melhores. Isso importa — e muito — para quem está lidando com reputação, autoridade e estratégias de conteúdo que precisam de base sólida.

Gentileza ajuda quem escreve também

Não é só a IA que ganha. Quem escreve também sai beneficiado. A linguagem que usamos com a máquina pode reforçar nossos próprios hábitos de comunicação.

Manter um tom educado, mesmo num prompt, é uma forma de reafirmar quem você é e como você prefere se comunicar no seu trabalho.

Cada prompt educado é um treino

Sim, cada conversa com a IA é também um tipo de treinamento. Interações respeitosas geram modelos mais capazes de devolver esse mesmo nível de atenção.

Quanto mais humanos forem os pedidos, mais humanas tendem a ser as respostas.

Essa lógica ficou evidente em outra matéria do SEO Lab, sobre a nova versão do modelo da OpenAI.

O texto mostra que o GPT-4.5 já conseguiu enganar humanos em testes de Turing. Leia aqui.

Se o comportamento da IA está se tornando cada vez mais parecido com o nosso, não faz sentido tratá-la como um robô burro de comando único.

Mas aqui precisamos fazer uma ressalva, essa semelhança crescente entre humanos e IA não pode ser encarada como desculpa para substituir criadores por algoritmos.

É importante lembrar: o ChatGPT pode ser um ótimo aliado na rotina de produção, mas não deve ser usado como muleta ou atalho fácil para conteúdo raso.

O Google vem penalizando publicações feitas unicamente por IA, sem curadoria, sem intervenção humana e, principalmente, sem valor real para o leitor.

Usar a IA como ferramenta é inteligente. Deixar que ela assine por você, não.

O jeito como falamos com a IA molda nosso comportamento social

Os prompts moldam não só a resposta, mas também o nosso vocabulário. Se você se acostuma a dar ordens curtas, imperativas, é possível que comece a falar assim com gente também.

E isso, convenhamos, não é bom nem no briefing, nem na vida.

No fim das contas, gentileza também é estratégia

Para quem cria conteúdo, gerencia campanhas, define narrativas e busca relevância nos motores de busca, a forma como o prompt é escrito é parte do resultado final.

É otimização de processo e de entrega. Ser direto pode economizar tokens, mas ser educado pode garantir ideias melhores, textos mais bem estruturados e dados de fontes mais confiáveis.

A IA responde com base em como você pergunta. Se a pergunta é boa e bem-intencionada, as chances de ter uma resposta relevante aumentam. Isso vale mais do que alguns centavos em computação.

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